31 janeiro, 2007

Walt Whitman

Uma mulher espera por mim

Uma mulher espera por mim, ela tudo contém, nada falta,
No entanto, tudo ficou faltando se o sexo faltou, ou se o orvalho do varão certo estivesse faltando.

O sexo contém tudo, corpos, almas,
Significados, experiências, purezas, delicadezas, resultados, promulgações,
Canções, mandamentos, saúde, orgulho, o mistério da maternidade, o leite seminal,
Todas as esperanças, benefícios, doações, todas as paixões, amores, belezas, deleites da terra,
Todos os governos, juízes, deuses seguiram pessoas da terra,
Estes estão contidos no sexo como partes de si mesmo e justificativas de si mesmo.

Sem pejo a mulher de quem eu gosto conhece e assegura a delícia do seu sexo,
Sem pejo a mulher de quem eu gosto conhece e assegura as suas.

Agora vou dispensar-me de mulheres frias,
Vou ficar com ela que espera por mim e com aquelas mulheres que são apaixonadas e me satisfazem,
Vejo que me compreendem e não me negam,
Vejo que são dignas de mim, serei o marido vigoroso de tais mulheres.

Elas não são em nada menos do que eu,
Têm a face curtida por sóis luzentes e o sopro dos ventos,
A sua carne possui a velha divina maleabilidade e energia,
Sabem como nadar, remar, cavalgar, lutar, atirar, correr, golpear, recuar, avançar, resistir, defenderem-se,
São irrevogáveis quanto a seus direitos - são calmas, claras, seguras de si próprias.

Trago-as para perto de mim, vocês mulheres,
Não posso deixá-las ir, faria bem a vocês,
Estou para vocês e vocês estão para mim, não apenas para o nosso bem, mas para o bem de outros,
Envoltos em vocês adormecem os maiores heróis e bardos,
Recusam-se a despertar ao toque de qualquer homem, a não ser eu.

Sou eu, mulheres, faço meu caminho,
Sou duro, amargo, grande, indissuadível, mas amo-as,
Eu não as faço sofrer além do necessário para vocês,
Eu verto a substância para encetar filhos e filhas aptos para estes EUA, pressiono com o músculo rude e lento,
Eu me abraço efetivamente, não escuto súplicas,
Não ouso me afastar até que deposite o que, há muito, estava acumulado dentro de mim.

Através de vocês faço escoar os reprimidos rios de mim mesmo,
Em vocês contenho mil lágrimas progressivas,
Sobre vocês eu enxerto os enxertos do mais amado de mim e da América,
Os pingos que destilo sobre vocês farão crescer moças impetuosas e atléticas, novos artistas, músicos e cantores,

As crianças que eu gerar sobre vocês hão de gerar crianças por sua vez,
Hei de exigir homens e mulheres perfeitos do meu consumir amoroso,
Espero que eles se interpenetrem com outros, como eu e vocês nos interpenetramos agora,
Vou contar os frutos das ejeções abundantes deles, assim como conto os frutos das ejeções abundantes que eu agora dou,
Vou aguardar as colheitas de amor, desde o nascimento, vida, morte, imortalidade, do que planto tão amorosamente agora.

Walt Whitman


30 janeiro, 2007

Biquini Cavadão




Adoro, nem preciso dizer mais nada...
Biquini Cavadão

Nu Feminino

A escultura nasceu feminina, com a Vênus de Willendorf datada de 20.000 anos atrás. Nesta obra, a mulher é um amuleto de evocação à fertilidade. Seu corpo é roliço e amplo para dar abrigo ao nascimento dos filhos e alimentá-los com os seios fartos.

Na Grécia, o nu feminino é juvenil e dançante retratado em As Graças, cerca de 2.000 a.C. Filhas do Sol, elas alegram o coração dos homens. Aglaia - a brilhante, Eufrosina - aquela que inspira a alma e Tália - aquela que faz florescer, são reconhecidas por sua capacidade de persuadir docemente a humanidade, dotando-lhe de boas maneiras, sabedoria e encanto.

A imagem despida de Adão e Eva, define a Idade Média. O nu é sinal de embaraço, falta de pudor e desconforto. O Gênesis, neste quadro de Albert Dürer, é o momento onde o preço pago pelo prazer é a dor: dor da vergonha de Adão, dor do parto feminino. O castigo temperou a nudez com o erotismo, que fez da mulher nua um motivo de obsessão, uma forma de arte a ser aperfeiçoada...

No Renascimento, a mulher nua é Vênus, a deusa do amor. A Vênus de Urbino - 1538, de Ticiano, retrata uma divindade ainda pudica, com um olhar etéreo e colo fértil, apesar de estar cobrindo o seu sexo. Os cabelos desarranjados e o ramo de flores insinuam uma mulher sedutora, mas se repararmos bem estamos diante de uma Deusa, cujo amor pertence ao reino imortal. No segundo plano, duas mulheres serviçais, cabelos presos, vestidas, nos mostram que na vida real a condição feminina era bem diferente, aprisionada e subserviente.

Cem anos depois, a Vênus ao Espelho, 1651 de Diego Velázquez, retrata um jogo sutil entre a deusa e o espectador. De costas para nós, numa atitude aparentemente de reserva, a Deusa nos espia pelo espelho, atenciosamente voltado em direção a ela, por seu fiel Cupido. O sorriso é convidativo, sedutor e vaidoso. Aqui, ao contrário da imagem anterior, e mesmo diante da simplicidade da cena, sentimos o poder do erotismo da mulher e da pintura...

Erotismo este que irá inspirar diretamente a pintura Maja Desnuda, de Goya, realizada em 1800. Nem deusa, nem personalidade mitológica. Uma mulher viva, de carne e osso, que freqüentava a alta sociedade espanhola. Maria Cayetana - Duquesa de Alba, um dos amores do pintor. A célebre posição dos braços, que realça os seios e equilibra as formas arredondadas do corpo, expressam claramente o desejo sexual. As reações foram imediatas e o pintor teve que refazer o quadro, e vestir sua musa. Fazendo graça com a corte espanhola, vestiu-a com um tecido transparente. Mas a sexualidade feminina de Maya, mesmo vestida, atravessou os séculos e inspirou vários artistas.

29 janeiro, 2007

Outros Quintais - Riso que Transbordou

Meio adoentada, caídaça e borocochô, mas firme para continuar ainda que com o freio de mão puxado e leza das idéias.Mas chega de enrolação e vamos ao que interessa.O melhor post da semana passada é do Dono do Bar, para quem não passou por lá fiz uma cópia básica.
Ah!, e férias por um fio, última semana para vadiar e eu derrubada...ô vida, ô azar...

Guia de Turismo

Você acha que esse blog é feito apenas de conhecimento inútil e outras besteiras? De forma alguma! Em uma iniciativa inédita, usarei esse espaço para dar algumas dicas de pontos turísticos para serem visitados (ou não!) nesse verão. E de imediato iremos para a Ilha do Boquete, litoral sul de São Paulo. Afinal, quem não gosta de uma ilha? Agora, se você está querendo se encontrar, a Gruta das Perdidas, no município de Jaciara (MT) é a solução para os seus problemas. Claro, isso é para quem gosta de grutas. Eu gosto muito, tanto que pensei seriamente em dar uma conferida na Racha da Zilda (Carrancas, MG) e no Buraco da Raquel, em Fernando de Noronha. Todavia, viajar para Pernambuco é programa para quem está com a carteira cheia. Se esse não é o seu caso, minha dica é conferir o que Piranhas, nas Alagoas, pode lhe oferecer. Ouvi dizer que lá você faz muita coisa com qualquer R$ 20,00 (menos beijo na boca, certo?). Enfim, se colocar o pé na estrada é o seu destino, essas são algumas ótimas opções que deixo para o seu lazer durante as férias de verão. Evidentemente, existem ainda outras opções de veraneio, como a Praia do Pinto, a Ilha do Veado e os municípios de Pau Cheiroso e Ponta do Picão, todos no Rio de Janeiro. Pelo visto, nem só de Copacabana vive o carioca! Você prefere praia? Então que tal a Praia do Arrombado, no Piauí? Essa é de fácil acesso! E para os que preferem encontrar a paz no meio da mata, a Serra da Piroca, no Pará, pode ser a sua salvação. Agarre-se a ela!
Então é isso. Boa viagem e depois me contem como foi, pois em alguns desses lugares (principalmente os últimos) eu nunca estive! Se me viram por lá, é calúnia!

Updates: Gostaria de pedir desculpas aos que se sentiram ofendidos pelo teor das fotos que publiquei anteriormente aqui. Meu objetivo era apenas tornar o texto mais divertido, jamais às custas da opção sexual alheia. Aos que me escreveram pedindo que eu retirasse as fotos, reitero minhas desculpas. Aos que me escreveram tirando sarro da minha cara, chupem a minha Serra da Piroca.


27 janeiro, 2007

Miaus e Meows - Gato e Gata (Laerte)

GATO E GATA
Laerte

ELE
Idealista, criativo, inseguro,
portador de uma bagagem cultural
mais sortida que profunda.
Tem todas as sonatas de
Beethoven, mas já foi
visto num karaokê,
dando tudo de si pra
impressionar a gatinha.
E conseguiu.

ELA
Não gosta de ser definida como
fêmea do gato; é uma fêmea
absoluta, acima das espécies
e das estrelas.
Curte Luiz Melodia,
acredita em batman,
sonha com números
e aposta tudo em
sexo bizzaro.


A gata apareceu primeiro, contrariando os cânones da Criação. O gato veio porque sentiu o cheiro. A gata tem plena consciência de ser gata, parte integrante do grande ciclo da boa vida. O gato é bem mais confuso, tem dificuldades em marcar seu território, mantém a guarda de um filho com uma ex (o famoso Messias), e de vez em quando dá uma dentro. Secretamente, é o Flying Cat e produz uma série interminável chamada Safira do Faraó.

a tira

O Riso da Bruxa - Homens




QUAL O SEU CASO?

O Perfume

Perfume: A história de um Assassino
(Das Parfum - Die Geschichte eines Mörders, Alemanha, França, Espanha, 2006)

Li o livro 8 vezes. Coisa de louca? Não, o livro é muiiiiiito bom. E a minha edição é apenas uma das 15 milhões de cópias vendidas-mundo.

Portanto nada mais sensato que enfrentar uma estréia pós-feriado-último-fim-de-semana-férias para ver o filme. E o mais hilário é que fui na matinê para não me aventurar a pegar um fim de tarde, início de noite com a cara de sampa: com direito a “toró” + trânsito + alagamento (o toró eu peguei mais tarde).

A questão que todos tinham dúvidas é se o diretor do filme, Tykwer conseguiria o que o livro fez com sucesso: o leitor conseguir entrar na alma do personagem e "sentir" os cheiros bons e ruins que o fazem sentir-se vivo.

O filme parece que tenta capturar o cheiro através de close-ups de narizes, 27 no total segundo a critica alemã. Eu não os contei, e nem precisava, para isso existem os recursos visuais, e o resto que fique por conta da imaginação de cada um, e a minha alçou vôo.

Um momento bastante olfativo é a cena do mercado de peixes onde Grenouille nasce, sugerido de maneira bastante incisiva. O fedor da Paris daqueles tempos, chega até narizes menos sensíveis. em especial do mercado de peixes onde Grenouille nasce, é sugerido de maneira bastante incisiva.

O interessante no filme é a forma em que Tykwer literalmente ceifa a vida dos personagens que perdem sua função na história. Não são homicídios, mas eventos de grande escala. Quando Grenouille toma para si o papel de ceifeiro, algo que ocorre na segunda metade (quando o protagonista descobre o quão irônico o destino foi com sua capacidade extraordinária), torna-se uma convencional (e bem cuidada) história de serial-killer com a pesada ênfase no olfato.

Direção competente, figurino muito bom e a excelente fotografia de Frank Griebe..

O Livro, dispensa comentários e o filme preciso ver outra vez antes de ser lançado em DVD, que fatalmente eu irei comprar para ver outras 6 vezes.

Detalhe: O Grenouille do livro chega a causar repugnância justamente pela falta de "cheiro". O Grenouille-Ben Whishaw do filme é um pitéusinho, cheirosinho, tetéinho, o diretor errou feio para melhor. (não resisti).

Ficha Técnica

Gênero: Suspense
Duração: 147 min
Tipo: Longa-metragem / Colorido
Distribuidora: Paris Filmes
Produtora(s): Constantin Film Produktion GmbH, VIP 4 Medienfonds, Nouvelles Éditions de Films, Castelao Producciones S.A., Ikiru Films S.L.

Diretor(es): Tom Tykwer
Roteirista(s): Andrew Birkin, Patrick Süskind, Bernd Eichinger

Elenco: Ben Whishaw, Dustin Hoffman, Alan Rickman, Rachel Hurd-Wood, Andrés Herrera, Simon Chandler, David Calder, Richard Felix, mais...

Site Oficial:

  • O Perfume

  • Trailer:



    26 janeiro, 2007

    Ensaio Fotográfico e Poesia















    O
    quase
    beijo



    A composição improvisada
    tocada antes do início de uma obra a dois
    Introdução do que está por vir
    não chegou a beijo,
    é a preliminar de um beijo,
    é o beijo anunciado,
    esperado,
    Prólogo, prefácio, preâmbulo
    de um beijo adivinhado

    foto: Bob Wolfenson

    Beija Eu

    25 janeiro, 2007

    A bruxa desalmada e seu enorme coração

    Copiei esse conto de uma das muitas leituras que eu garimpava para contar ao Gui quando ele era pequeno. Sempre gostei dos textos escritos para as crianças, aliás, ultrapassa o gostar, é mesmo gostar MUITO.

    A bruxa desalmada e seu enorme coração

    - Canta uma Aleluia pra mim – a bruxa Isaltina pediu pro garoto que passava na frente da casa dela.

    Como sempre, estava brava, mal-humorada, casmurra. Ele parou sem dizer nada ela ficou muito desconfiada, muito insegura. Resolveu então varrer um pouco o chão com a sua vassoura mágica que era toda pintada de preto. Olhou bem nos olhos do menino só pra fazer tipo e insistiu:

    - uma Aleluia, vai, garoto.

    Ele continuou mudo, muito pensativo. Mais brava ainda e mais insegura,ela ajeitou seu chapéu pontudo e preto, coçou as verrugas do nariz, procurou sua coruja de estimação que não tinha nome e vivia escondida.

    “Que coruja mais amiga-da-onça que nunca aparece” – a bruxa pensou magoada.

    Fez mais uma tentativa:

    - Vai cantar ou não vai,ô garoto?

    - Eu não sei cantar,dona! – ele respondeu com uma voz fininha, mas não fugiu dela como todo mundo fugia.

    O garoto não mostrava o menor medo da bruxa e isso era estranho, muito esquisito mesmo. Afinal de contas, a bruxa Isaltina era uma bruxa malvada, rancorosa, muito sozinha.

    Tinha mania de pedir essa tal de Aleluia pra quem passasse pela rua e todo mundo corria. E, quanto mais as pessoas fugiam, mais ela fazia malvadeza pra ocupar a solidão do dia: punha sacos de sal no feijão das cozinheiras, carregava uns sapinhos verdes na bolsa pra atirar em cima dos outros, adorava queimar ou manchar os vestidos das noivas, de preferência de preto.

    A bruxa Isaltina gostava de tudo preto, porque era uma coisa maior que ela, uma coisa que vinha lá de dentro: o seu estilo.

    Daí que a casa dela era preta, pretíssima. O seu vestido de festa era de renda negra como o ébano. As louças,o tapete da sala, os móveis eram pretos também. Ate ás margaridas de plástico que ficavam num vaso de porcelana preta tinham as pétalas pretíssimas, o miolo mais que preto e o talo tão escuro que até escurecia a luz.

    Acontece que os vizinhos tinham pavor daquela negrura toda e queriam mais era fugir da bruxa Isaltina,ficar longe da sua escuridão. Ela ficava com tanto ódio disso que até sentia que seu coração aumentava e, se pudesse,pintava ele de preto também. Como não dava,ela montava na vassoura e saia espalhando outras maldades por ai.

    No dia em que encontrou o garoto, tinha enchido as nuvens de fumaça preta pra chover na festa de aniversário de uma menina que não quis cantar Aleluia nenhuma pra ela.

    - Não sabe cantar essa música, garoto? Aleluia a gente já nasce sabendo! – ela resmungava e varria o chão com violência.

    - Então por que a senhora não me ensina? – o garoto pediu olhando bem nos olhos dela e coma voz mais forte.

    - Ah, eu é que pedi primeiro – ela disfarçou querendo demais que a coruja aparecesse.

    - Canta pra mim, dona, é só uma Aleluia mesmo – ele rogou pegando a mão direita dela que também tinha as unhas pintadas de preto.

    Ela recuou, ficou enroscando uma pulseirinha cheia de caveiras, viu o rosto da coruja meio escondido atrás da cortina preta da sala e soltou a voz:

    - Aleluia, aleluia, aleeeeeluuuuiiiiiaaaaaaaa...

    O garoto foi ouvindo, gostando e, por pouco, não chorou sentindo uma alegria maior que andar de bicicleta na lua que era o seu grande sonho. Chegou perto da bruxa e beijou as duas verrugas dela na mais completa distração, o garoto era muito distraído.

    Ele saiu correndo e ela foi sentindo o coração batendo forte, um arco-íris crescendo no peito e uma vontade enorme de voar. Voou.

    Se a bruxa Isaltina parou de fazer maldade, ninguém sabe e nem dá pra saber. Bruxa é bruxa. E depois ela não pára em casa, está sempre voando na sua vassoura.

    O que todo todo mundo tem certeza é que, de vez em quando, o vôo dela desenha um arco-íris com todas as cores, ela canta baixinho uma Aleluia e a gente vê uma faixa preta soltando vaga-lumes nas noites sem estrelas e escuras como o breu.

    - Entendeu?

    Texto: Jorge Miguel Marinho
    Ilustração : Patrícia Lima

    Imagens que Acumulam - Poesia para Os Olhos

    Dias Especiais - Sampa

    é enchente no verão
    é trânsito de dia,à tarde e à noite
    é pizza na sexta-feira
    mac-porcaria no domingo
    é poluição o ano inteiro
    ônibus lotado de segunda à sábado
    é shopping center no sábado
    é feira livre todo dia
    é Rita Lee eternamente
    é parada Orgulho Gay em junho
    fds no Guarujá
    "Um chops e doispastel!" no fim do dia
    É a esquina da Ipiranga com a Av. São João
    é alguma coisa que acontece no meu coração...

    Sampa

    é tanta coisa que não cabe aqui...
    O Samba Do Arnesto

    24 janeiro, 2007

    Existem várias lendas sobre a origem da Mulher...

    Uma diz que Deus pôs o primeiro homem a dormir, inaugurando assim a anestesia geral, tirou uma de suas costelas e com ela fez a primeira mulher.
    E que a primeira provação de Eva foi cuidar de Adão e agüentar o seu mau humor, enquanto ele convalescia da operação.
    Uma variante desta lenda diz que Deus, com seu prazo para a Criação estourado, fez o homem às pressas, pensando “Depois eu melhoro”, e mais tarde, com tempo, fez um homem mais bem-acabado, que chamou Mulher, que é “melhor” em aramaico.

    Outra lenda diz que Deus fez a mulher primeiro, e caprichou nas suas formas, e aparou aqui e tirou dali, e com o que sobrou fez o homem só para não jogar barro fora. Zeus teria arrancado a mulher de sua própria cabeça.
    Alguns povos nórdicos cultivam o mito da Grande Ursa Olga, origem de todas as mulheres do mundo, o que explica o fato das mulheres se enrolarem periodicamente em pêlos de animais, cedendo a um incontrolável impulso atávico, nem que seja só para experimentar, na loja, e depois quase desmaiar com o preço.

    Em certas tribos nômades do Meio Oriente ainda se acredita que a mulher foi, originariamente, um camelo, que na ânsia de servir seu mestre de todas as maneiras foi se transformando até adquirir sua forma atual.

    No Extremo Oriente existe a lenda de que as mulheres caem do céu, já de kimono.E em certas partes do Ocidente persiste a crença de que mulher se compra através dos classificados, podendo-se escolher idade, cor da pele e tipo de massagem.

    Todas estas lendas, claro, têm pouco a ver com a verdade científica. Hoje se sabe que o Homem é o produto de um processo evolutivo que começou com a primeira ameba a sair do mar primevo, e é o descendente direto de uma linha específica de primatas, tendo passado por várias fases até atingir o seu estágio atual e aí encontrar a Mulher, que ninguém ainda sabe de onde veio

    É certamente ridículo pensar que as mulheres também descendem de macacos. A minha mãe, não!
    Uma das teses mais aceitáveis sobre o papel da mulher na evolução do homem é a de que o primeiro encontro entre os dois se deu no período paleolítico, quando um homo-sapiens mas não muito, chamado, possivelmente, Ugh, saiu para caçar e avistou, sentado numa pedra, penteando os cabelos, um ser que lhe provocou o seguinte pensamento, "Isso é que é mulher e não aquilo que tenho na caverna”.

    - Ugh aproximou-se da mulher e, naquele seu jeitão, deu a entender que queria procriar com ela.

    - ”Agh maakgrom grom”, ou coisa parecida. A mulher olhou-o de cima a baixo e desatou a rir.

    É preciso lembrar que Ugh, embora fosse até bem apessoado pelos padrões da época, era pouco mais do que um animal aos olhos da mulher. Tinha a testa estreita e as mandíbulas pronunciadas e usava gordura de mamute nos cabelos.
    A mulher disse alguma coisa como “Você não se enxerga, não?” e afastou-se, enojada, deixando Ugh desolado. Antes dela desaparecer por completo, Ugh ainda gritou: “Espera uns 10 mil anos pra você ver!”, e de volta à caverna exortou seus companheiros a
    aprimorarem o processo evolutivo.

    Desde então, o objetivo da evolução do homem foi o de proporcionar um par à altura para a mulher, para que, vendo o casal, ninguém dissesse que ela só saía com ele pelo dinheiro, ou para espantar assaltantes.
    Se não fosse por aquele encontro fortuito em alguma planície do mundo primitivo, o homem ainda seria o mesmo troglodita desleixado e sem ambição, interessado apenas em caçar e catar seus piolhos, e um fracasso social.

    Mas de onde veio a primeira mulher, já que podemos descartar tanto a evolução quanto as fantasias religiosas e mitológicas sobre a criação?
    Inclino-me para a tese da origem extraterrena. A mulher viria (isto é pura especulação, claro) de outro planeta.

    Venho observando-as durante anos - inclusive casei com uma, para poder estudá-las mais de perto - e julgo ter colecionado provas irrefutáveis de que elas não são deste mundo. Observei que elas não têm os mesmos instintos que nós, e volta e meia são surpreendidas em devaneio, como que captando ordens de outra galáxia, embora disfarcem e digam que só estavam pensando no jantar. Têm uma lógica completamente diferente da nossa.

    Ultimamente têm tentado dissimular sua peculiaridade, assumindo atitudes masculinas e
    fazendo coisas - como dirigir grandes empresas e xingar a mãe do motorista ao lado - impensáveis há alguns anos, o que só aumenta a suspeita de que se trata de uma estratégia para camuflar nossas diferenças, que estavam começando a dar na vista.
    Quando comentamos o fato, nos acusam de ser machistas, presos a preconceitos e incapazes de reconhecer seus direitos, ou então roçam a nossa nuca com o nariz, dizendo coisas como “ioink, ioink” que nos deixam arrepiados e sem argumentos.

    Claramente combinaram isto. Estão sempre combinando maneiras novas de impedir que se descubra que são alienígenas e têm desígnios próprios para a nossa terra.
    É o que fazem, quando vão, todas juntas, ao banheiro, sabendo que não podemos ir atrás para ouvir.

    Muitas vezes, mesmo na nossa presença, falam uma linguagem incompreensível que só elas entendem, obviamente um código para transmitir instruções do Planeta Mãe.
    E têm seus golpes baixos. Seus truques covardes. Seus olhos laser, claros ou profundamente escuros, suas bocas.
    Meu Deus, algumas até sardas no nariz. Seus seios, aqueles mísseis inteligentes. Aquela curva suave da coxa, quando está chegando no quadril, e a Convenção de Genebra não vê isso!

    E as armas químicas - perfumes, loções, cremes. São de uma civilização superior, o que podem nossos tacapes contra os seus exércitos de encantos?
    Breve dominarão o mundo. Breve saberemos o que elas querem. Se depois de sair este artigo, eu for encontrado morto com sinais de ter sido carinhosamente asfixiado, como um sorriso, minha tese está certa. Se nada me acontecer, sinal de que a tese está certa, mas elas não temem mais o desmascaramento.

    - O que elas querem, afinal?

    Se a mulher realmente veio ao mundo para inspirar o homem a melhorar e ser digno dela, pode ter chegado à conclusão de que falhou, que este velho guerreiro nunca tomará jeito. Continuaremos a ser mulheres com defeito, uma experiência menor num planeta inferior. O que sugere a possibilidade de que, assim como veio, a mulher está pronta a partir, desiludida conosco.

    E se for isso que elas conspiram nos banheiros? A retirada? Seríamos abandonados à nossa própria estupidez. Elas levariam as suas filhas e nos deixariam com caras de Ugh.Posso ver o fim da nossa espécie. Nossos melhores cientistas abandonando tudo e se dedicando a intermináveis testes com a costela, depois de desistir da mulher sintética. Tentando recriar a mágica da criação.

    Uma mulher, qualquer mulher, de qualquer jeito! Prometemos que desta vez não as decepcionaremos! Uma mulher! Como é que se faz uma mulher?

    Luís Fernando Veríssimo

    Anne Geddes

    nesse jardim tem...
    passarinho no ninho
    borboleta tirando uma soneca
    ratinho descansando
    flor pra colher
    anjinho no céu
    cerejas madurinhas
    um cuco espreitando
    tem chá quentinho
    e biscoito crocante...

    Nada é Certo


    Ninguém avança pela vida em linha reta.Muitas vezes, não paramos nas estações indicadas no horário. Por vezes, saímos dos trilhos. Por vezes, perdemo-nos, ou levantamos vôo e desaparecemos como pó.

    As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver. Alguns gastam um sem número de vidas no decurso da sua estadia aqui embaixo. Alguns crescem como cogumelos, enquanto outros ficam inelutavelmente para trás, atolados no caminho.

    Aquilo que, momento a momento, se passa na vida de um homem é para sempre insondável. É absolutamente impossível que alguém conte a história toda, por muito limitado que seja o fragmento da nossa vida que decidamos tratar.


    Henry Miller, "O Mundo do Sexo"

    23 janeiro, 2007

    Poema de Che Guevara para a sua mulher


    Este poema (contra o vento e as marés) levará minha assinatura.
    Deixo-lhes seis sílabas sonoras,
    um olhar que sempre traz (como um passarinho ferido) ternura,
    Um anseio de profundas águas mornas,
    Um gabinete escuro em que a única luz são esses versos meus,
    um dedal muito usado para suas noites de enfado,
    um retrato de nossos filhos.
    A mais linda bala desta pistola que sempre me acompanha,
    a memória indelével (sempre latente e profunda) das crianças
    que, um dia, você e eu concebemos,
    e o pedaço de vida que resta em mim.
    Isso eu dou (convicto e feliz) à revolução.
    Nada que nos pode unir terá força maior.

    Poema de Che Guevara para a sua mulher.




    É urgente o amor.
    É urgente um barco no mar.

    É urgente destruir certas palavras,
    ódio, solidão e crueldade,
    alguns lamentos,
    muitas espadas.

    É urgente inventar alegria,
    multiplicar os beijos, as searas,
    é urgente descobrir rosas e rios
    e manhãs claras.

    Cai o silêncio nos ombros e a luz
    impura, até doer.
    É urgente o amor, é urgente
    permanecer.

    Eugénio Andrade

    Fotos Google

    22 janeiro, 2007

    Legião Urbana

    Eternamente...


    Gustav Klimt

    Sea Serpents IV

    The Virgin

    Mother & Child

    Ao falarem Klimt, nome impronunciável, a primeira imagem que vem a cabeça é de sua obra mais famosa: O Beijo. Famosa na mídia, e não é à toa, é uma das obras mais copiadas no mundo. Algumas pessoas, assim como eu, ao ver a tela , cópia porque eu não sou tão poderosa ao ponto de já ter estado de frente para a autêntica, associamos a outra famosa, Julia Roberts (Hillary O'Neil), toda ruiva em Dying Young onde um Campebell Scott (Victor Geddes), milionário-à beira da morte-fanático por Klimt-louco por ruivas, faz a comparação entre ela e as mulheres de Klimt. E aqui como em outro filme mais recente (Moça com Brinco de Pérola), Klimt explode para o mundo dos não aficionados em arte. Bem, deixemos as peripécias holywodianas de lado e vamos a informação.

    Klimt, natural de Viena, nascido no bairro de Baumgarten, colocou em choque o grande público do início do século 20 com sua pintura sutilmente erótica, às vezes não tão sutilmente. Preferindo as ruivas, as retratava com uma sensualidade marcantertes tonalidades de ouro e prata, certamente influência do trabalho e declarada, com expressões de prazer e volúpia.

    O pai era um grande artista que trabalhava no entalhe de ouro e prata e foi exatamente ele que lhe transmitiu a alma de artista e o estimulou para a arte. Um olhar atento na obra de Klimt vai nos mostrar alguns quadros com fios de ouro e prata e que funcionam com perfeição para construir o erotismo em suas belas mulheres.

    Seus processos de trabalho criaram um estilo original. Através de mosaicos e composições geométricas, Klimt criou quadros com uma textura intrigante. Também fez cartazes para exposições de artistas em Viena, bem como deixou mais de cinco mil desenhos, que serviram de estudos para seus quadros, bem como um exercício de imagem erótica.

    Na verdade, Klimt foi tudo menos um rebelde por escolha, evitando a publicidade, seguindo uma rotina de trabalho pesado e regular e mantendo quaisquer momentos turbulentos em sua vida particular para si mesmo. A história de sua vida é a de seu desenvolvimento artístico.

    Klimt foi quem melhor inseriu a beleza feminina no meio artístico. Criando um conceito de que o mundo tem uma aparência feminina, trabalhou com uma estética de prazer e erotismo. Para mim, suas pinturas são poesia para os olhos

    21 janeiro, 2007

    Heathcliff e Catherine


    Adaptação para o Cinema - 1999

    Adaptação para o Cinema - 1939


    Heathcliff e Catherine

    Quem não conhece a história de paixão de Heathcliff e Catherine, um dos mais inesquecíveis pares românticos da literatura. História que mostra uma força terrível e um sensualismo explosivo, quase explícito. O triângulo amoroso gerado pela carência e negado pelas convenções de uma sociedade opressora.

    Heathcliff é um garoto pobre recolhido pelo Sr. Earnshaw em uma de suas viagens de negócios. Catherine e Heathcliff se complementam. Ambos compartilham uma rebeldia e crueldade infantis durante toda a obra, como se tal relacionamento os impedisse de um amadurecimento maior. Catherine, é múltipla e confusa, usa seu poder para confundir também os personagens ao seu redor.

    A heroína assegura a possibilidade de amar Linton e Heathcliff, e que mesmo seu casamento com o representante da cultura e civilidade não seria capaz de mudar seu relacionamento com Heathcliff, todo instinto e impulsividade, simbolizando sua própria ambivalência.

    Quando ela morre, é sepultada. O solo frio de inverno conserva o corpo e Heathcliff abre sua sepultura, fazendo carinho no rosto bonito e brando da mulher que amou com loucura.
    Uma hstória amarga, de amor sem vazão, mágoa, sofrimento e solidão.

    Quem não conhece, leia “O Morro dos Ventos Uivantes” – Emily Brontë

    Outros Quintais - Palavras que Preencheram

    As palavras que preencheram...
    Difícil, foram tantas e tão sentidas. Tudo bem que nunca chegamos a senti-las na mesma
    intensidade que o autor as sentiu, mas podemos ter uma idéia do “estrago” que elas fazem no coração de quem as escreveu apenas medindo o aperto que sentimos quando lemos essas mesmas palavras.


    Eu me senti devastada quando li o poema ...

    Intrigas

    Se te fores e me deixares aqui sentado nas escadas dos nossos encontros,
    Tão húmidas de lágrimas do orvalho da noite,
    Perdes-me e tudo está acabado entre nós…
    Perco a sensibilidade das mãos que te escrevem,
    Dos olhos que te adoram nesta foz,
    Apetece-me castigar-te com sopros de breve açoite!...

    A quem vou ler os poemas que escrevi no caminho?
    As canções que compus ontem em miséria mental?
    Aquém vou contar meu dia surreal e faminto?
    Na ânsia de tudo sair certo no namoro de hoje?...

    Se teu aspecto minguado é propositado e por despeito,
    Perco-te o respeito,
    E as Árias e Melodias endeusadas para ti no meu peito,
    Jamais as tocarei nos acordes do meu pensar menina Lua…

    Fica sabendo que conheço outras almas reconhecidas,
    Ansiadas por cortesias,
    De cantares, paixões e louvares meus;
    Vou deixar recado aos mares que esta notícia espalhem por aí,
    Que nos separámos e de ti me despedi!...

    Carlos Reis
    http://riscosescritos.blogs.sapo.pt/

    Outros Quintais - Imagens que Acumularam


    Foto: Vikas Malhotra
    http://www.teiadepalavras.blogspot.com/

    O velho provérbio diz que uma imagem vale mil palavras, e quantas vezes uma foto impressa nas folhas de um jornal nos ensinou mais que o artigo ?

    Quando a imagem é capturada ou escolhida com delicadeza, cuidado e sensibilidade pala completar o que apenas as palavras não estão conseguindo, a imagem torna-se companheira, a outra metade da laranja, a tampa do tacho, ou seja, a alma gêmea da palavra.

    A escolha da imagem que acompanhará o texto requer sensibilidade e bom gosto, é o que encontro sempre nesse blog. A união perfeita desses opostos.

    A bailarina