29 junho, 2007
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
Mário Cesariny
Foto: Web
28 junho, 2007
Olha o olho da menina
Vale a pena apreciar as belíssimas ilustrações de Ziraldo que acompanham o texto de Marisa Prado. Lembre-se que as imagens em preto e branco são todas clicáveis. Agora chega de enrolar, e vamos começar a ler o livro?
Menina crescia escutando que não adiantava mentir porque Mãe sempre sabia. | |
Mãe dizia que lia na testa da Menina, e que só Mãe sabia ler testa. | |
Menina tentava tapar a testa com a mão na hora de mentir. Mãe achava graça. Muita graça. E continuava lendo assim mesmo. | |
Menina precisava entender como essa coisa misteriosa acontecia. No espelho do banheiro, mentia muito em silêncio. E na testa, nada escrito! | |
Aí, Menina descobriu que Mãe também mentia. E que então não era testa era o olho, com um brilho diferente - que entregava a mentira. | |
Menina então tentava fechar o olho com força, para esconder a mentira. Mas nem isso resolvia, pois Mãe sempre adivinhava. | |
Menina tinha era que aprender a fingir de olho aberto, que mentira era verdade. Menina tentou, tentou... e aprendeu. Era essa a solução. | |
Mas de noite Menina ficava apertada por dentro. Assim meio sufocada, não podia nem piscar. Com o olho muito aberto, não conseguia dormir. | |
Faltava ar pra Menina. Igual quando a gente fica quase sem respirar rindo de uma cosquinha. Só que não tinha graça. | |
Menina - sem querer - tinha descoberto a Consciência, uma coisa que toma conta da gente mesmo quando Mãe não está lendo testa, nem adivinhando olho. | |
Menina tinha aprendido que ter que fingir doía. E que desse jeito ia ficar muito sem graça ser gente grande. Menina desistiu de crescer. | |
Mas não adiantava. Menina via que agora já estava quase da altura do móvel da sala da vovó. E ficava muito triste, o aperto apertando mais. | |
E de tanto que o aperto apertava, Menina achou que fingir só podia doer tanto porque era dor sozinha. | |
Menina teve uma idéia. E ainda não sabia se era idéia brilhante. Mas sabia - isso sim - que precisava testar, pra conseguir descobir. | |
A idéia da Menina foi dizer para Mãe que era difícil fingir. Menina achava ruim aprender montes de coisas sem dividir com ninguém. | |
Menina falou pra Mãe que era muito complicado e que não era nada bom ter que crescer sozinha. | |
Mãe abraçou muito apertado a Menina. E no colo tão esperado Menina estava sendo mãe da Mãe. | |
Menina sentiu que mãe estava chorando. E que Mãe ainda não tinha aprendido tudo. | |
Mãe não falava nada Mas uma e outra sabiam naquele abraço apertado que em Mãe também doía ser gente grande sozinha. | |
24 junho, 2007
Helena e Páris
Descrita na Ilíada de Homero, a história de Helena de Tróia e a guerra que por ela se travou fazem parte das lendas gregas, combinando fatos com ficção.
A história de Helena é muito conturbada, cheia de paixões arrebatadoras e traições amorosas. Existem muitas versões da história, mas o que parece verdade é que ela era filha de um rei de Esparta chamado Tíndaro.
Quando criança, foi raptada por Teseu e depois libertada por seus irmãos e levada para Esparta outra vez.
Helena tinha diversos pretendentes e o pai fez com que todos jurassem respeito à vontade da filha e ajudassem o seu escolhido. A sorte - ou o azar - coube a Menelau e os dois se casaram.
Páris, filho do rei Príamo de Tróia, apaixonou-se por ela no momento em que a viu e, não aguentando a paixão, raptou-a, levando-a para Tróia.
Parece que ela mesma colaborou com o rapto porque Paris era muito bonito e isso a seduziu completamente.Os gregos prepararam uma grande armada liderada pelo irmão de Menelau, Agamémnon, para recuperar a bela rainha. Mil barcos gregos partiram através do mar Egeu a caminho de Tróia.Durante nove anos a cidade manteve-se inexpugnável, até que os gregos construíram um enorme cavalo de madeira (oco por dentro), no interior do qual se esconderam vários guerreiros.
Os troianos aceitaram o cavalo e levaram-no para dentro da cidade.Toda a cidade festejou pensando que essa era a forma de Menelau se desculpar e retirar. A verdade é que, nessa mesma noite, enquanto toda a gente dormia, os guerreiros saíram de dentro do cavalo e abriram as portas ao restante exército que esperava.Tróia foi destruída e Paris morreu em combate.
Helena restituída a Esparta, casou-se então com Deífobo, que era cunhado de Menelau.
Existe ainda uma terceira versão que encontra Helena casada com Aquiles, vivendo tranqüilamente por muitos anos. Provavelmente tudo isso é a junção de muitas histórias contadas por Homero como uma só e tudo o que sabemos sobre a Guerra de Tróia e o rapto de Helena, é que provavelmente tudo seja muito mais fantasia do que realidade.
22 junho, 2007
É dia da "florista"
E com a música favorita,um beijão da Lee*, da Isolda, da Niña com flores, da Lily, e todas que habitam este quintal...
Uma das grandes bençãos da vida
é a experiência em que os anos vividos concedem.
Aniversariar é uma mostra das oportunidades
que temos de aprender a contar os nossos dias.
Hoje, mais uma janela se abre diante dos teus olhos,
mais um espinho foi retirado da flor,
restando somente a beleza de tão bela data.
Os sintomas da felicidade de traduzem no otimismo,
na fé, na esperança, no empenho por se ser melhor a cada dia.
Continue firme pelos caminhos das verdades.
Continue trilhando pelos vales da vida,
pois um dia encontrarás o mais belo jardim,
o jardim que representará a realização dos seus maiores sonhos.
Ouvindo: La paga
20 junho, 2007
Sereias e Baleias
Uma mulher enviou a eles a sua resposta e distribuiu o seguinte e-mail por aí:
- "Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moça escultural de biquíni e a frase:
"Neste verão, você quer ser sereia ou baleia?"
Respondo:
Baleias sempre estão cercadas de amigos.
Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos.
Baleias amamentam.
Nadam por aí, cortando os mares e conhecendo lugares legais,como as
banquisas de gelo da Antártida e os recifes de coral da Polinésia.
Baleias têm amigos golfinhos. Comem camarão à beça. Esguicham água e brincam muito.
Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados.
São enormes e quase não têm predadores naturais.
Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.
Sereias???
Sereias não existem.
Se existissem viveriam em crise existencial: - "Sou um peixe ou um ser humano?"
Não têm filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza...
São lindas, mas tristes e sempre solitárias...
- Runner, querida, prefiro ser baleia!"
A Academia Runner retirou o outdoor.
É incrível como ao olharmos a nossa volta vemos nossos valores invertidos ou pior perdidos . A
estética é importante sim, porém apenas mais uma das diversas características e valores que temos enquanto pessoa.
O exagero, e sempre o exagero, é sintoma de deficiência em outras caracteristicas e valores
pessoais e pode caracterizar uma pessoa como "FÚTIL". Atividade física é importantíssimo, desde varrer a casa até caminhar pra chegar à padaria ou outros "exercícios" praticados a dois,
porém somos bombardeados pelas imagens de mulheres andróides na TV, como se apenas elas fossem gostosas, com sua minima cinturinha, abdomem tanquinho, bundão, peitão e aqueles cabelos esticados (eis a atividade física dos cabelereiros de plantão, hahah).
Particularmente, acho as baleias mais gostosas, verdadeiras e donas de si...
19 junho, 2007
Fogo no Céu
18 junho, 2007
Casa de Areia
A idéia de Casa de Areia nasceu a partir da fotografia de uma casa abandonada, parcialmente soterrada pela areia, localizada no Nordeste. A história desta foto foi narrada ao diretor Andrucha Waddington pelo produtor Luiz Carlos Barreto, que já tinha a intenção de fazer um filme sobre o tema.
Casa de Areia mexe no imaginário. Explora sentimentos. Machismo. Solidão Paz. Plenitude. Solidariedade. Persistência. Crueldade. Lealdade. Todos, elementos presentes.Três boas razões que para ver ou rever Casa de Areia, filme de Andrucha Waddington:
O local, de beleza ímpar: Lençóis Maranhenses, a beleza natural e selvagem de um paraíso ecológico sem igual.
A areia (o espaço) nunca pára enquanto o tempo não parece passar, cortado o contato com a civilização. “Casa de areia” tem um ritmo lento, marcando a eternidade e a monotonia do dia-a-dia de suas protagonistas. A bela fotografia de Ricardo Della Rosa (Olga) acentua esse cenário com um branco infinito, onde “o que não é chão, é céu”, nas palavras de Áurea.
Com características pouco comerciais, o diretor conta com a dupla de protagonistas para humanizar seu filme e é aí que ele tira a sorte grande. As Fernandas, mulher e sogra, dão um show, destacando que, no fim das contas, o filme é um drama simples de mulheres que querem seguir em frente.
Com um roteiro excelente de Elena Soárez , de poucos diálogos e poucas escorregadas, o diretor nos entrega uma obra de pura imagem e som, o melhor filme nacional dos últimos tempos. Acostumados com a idéia de que o espaço, um lugar qualquer, não se move - pelo menos a princípio – enquanto o tempo não pára, “andando” sempre para frente. Imagine uma situação em que ocorra o contrário: o espaço físico está em constante movimento e o tempo parece ter parado. É mais ou menos a proposta do filme.
A saga de Áurea começa em 1910, quando, em busca de um sonho que nunca lhe pertenceu, ela chega em caravana a um enorme labirinto de areia no Maranhão, Norte do Brasil. À procura de terras que o marido, Vasco, acredita serem prósperas, ela se vê condenada à vida num lugar inóspito, tendo como única companhia feminina sua mãe, Dona Maria. Grávida, e inconformada com o destino, a mulher faz de tudo para encontrar uma saída. Mas o tempo vai pouco a pouco transformando essa história embalada por profundos sentimentos, que vão do desespero à plenitude.
São 59 anos convivendo com a iminência da partida. A princípio impedida por Vasco, Áurea é obrigada a morar numa casa no alto de uma duna. Até que um dia, ao lado da mãe, ela presencia a morte do marido, soterrado na própria loucura e, num misto de dor e alívio, acredita estar livre. Mas, na verdade, virara refém da sorte.
Três gerações – Áurea, a mãe Maria, e a filha, também Maria. Em todas elas, a imensa solidão feminina e pior, a dependência da mulher à figura do homem.
Anos depois, o reencontro da anciã com a “filha da cidade”, que lhe traz de presente a música dos homens, além do sussurro do vento, do gorjeio dos pássaros e do canto do mar…
Ficha Técnica
Título Original: Casa de Areia
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 103 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2005
Site Oficial: www.casadeareia.com.br
Estúdio: Conspiração Filmes / Globo Filmes / Columbia TriStar Filmes do Brasil / TeleImage / Quanta Centro de Produções / LocaAventura
Distribuição: Columbia TriStar Filmes do Brasil
Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Elena Soárez, baseado em argumento de Elena Soárez, Luiz Carlos Barreto e Andrucha Waddington
Produção: Leonardo Monteiro de Barros, Pedro Guimarães, Pedro Buarque de Hollanda, Andrucha Waddington, Luiz Carlos Barreto, Lucy Barreto e Walter Salles
Música: Carlo Bartolini e João Barone
Fotografia: Ricardo Della Rosa
Desenho de Produção: Fernando Zagallo
Direção de Arte: Tulé Peake
Figurino: Cláudia Kopke
Edição: Sérgio Mekler
Elenco
Fernanda Montenegro (D. Maria / Áurea - 1942 a 1969 / Maria - 1969)
Fernanda Torres (Áurea - 1910 a 1919 / Maria - 1969)
Ruy Guerra (Vasco de Sá)
Seu Jorge (Massu - 1910 a 1919)
Luiz Melodia (Massu - 1942)
Enrique Diaz (Luiz - 1919)
Stênio Garcia (Luiz - 1942)
Emiliano Queiroz (Chico do Sal)
João Acaiabe (Pai de Massu)
Camilla Facundes (Maria - 1919)
Haroldo Costa (Capataz)
Jorge Mautner (Cientista)
Nélson Jacobina (Cientista)
Trailer
14 junho, 2007
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