31 março, 2007

Gilda...



A Insustentável Leveza do Ser

A Insustentável Leveza do Ser

Teresa bate à porta de Tomas com uma única e pesadíssima mala. Partiu em busca de Tomas, um mulherengo que havia terminado recentemente uma tumultuosa relação com a ex-mulher, que a acolhe. Assim se inicia a história que ao longo do livro vai sendo recontada pelas diversas pessoas nela envolvidas. Em cada versão, a história muda totalmente. Em segundo plano vamos sendo introduzidos no clima de perseguições políticas e de opressão russo-comunista.

Existem vários níveis na história - a história, o contexto, a reflexão da personagem e a reflexão externa como de um observador. A simbologia surge como um outro modo de expressar sentimentos ou pensamentos, mas sem uma pesada carga filosófica, sem uma extenuante análise frásica até aos significados últimos.

A reflexão existe, mas não para limitar os nossos pensamentos ou juizos de valor, mas para abrir novos horizontes e proporcionar novas maneiras de pensar.
De realçar o modo como ao longo do livro nos damos conta do diferente significado de uma mesma coisa para diferentes pessoas.

Existe amor e traição, mas sem a tragédia de romance ou peça de teatro. Existe destino, definido não por grandes acontecimentos, mas por estranhas coincidências.

É um romance que não pretende contar uma grande história de amor, mas fazer-nos refletir sobre o mundo e os acasos da vida.

“No mundo do eterno retorno, todos os gestos têm o peso de uma insustentável responsabilidade”
“Tomas ainda não sabia que as metáforas são uma coisa perigosa. Com as metáforas não se brinca. O amor pode nascer de uma única metáfora.”
“Não era a vaidade que o atraía para o espelho, mas o espanto de lá descobrir o […]

29 março, 2007

Eles não disseram ...

As máximas têm uma função didática: ajudam a compreender a civilização. Citá-las é uma mania milenar. Transformá-las, de modo a adequá-las aos personagens e aos interesses históricos, tornou-se hábito. Menos comuns são as frases inventadas - mas elas também existem. No livro They Never Said It ("Eles nunca disseram isso"), Paul F. Boller Jr. e John George fazem uma coleção do dito e do não dito. Eis uma seleção:


"Um pequeno passo para o homem, um gigantesco passo para a humanidade."

Neil Armstrong, astronauta americano

Não foi exatamente essa a frase dita por Armstrong às 22h56 de 20 de julho de 1969. Assim que pôs os pés na Lua, o cosmonauta afirmou: "Um pequeno passo para um homem, um gigantesco passo para a humanidade". Devido à estática, a partícula a, em inglês ("um"), foi engolida. E o antológico comentário entrou para os anais de forma equivocada, ainda que a Nasa tenha distribuído uma nota corrigindo o erro.


"Elementar, meu caro Watson."

Sherlock Holmes, detetive inglês

Entre 1887 e 1927, o escritor Arthur Conan Doyle escreveu quatro novelas e 56 contos nos quais aparecem o detetive Sherlock Holmes e seu fiel parceiro, o médico John H. Watson. Holmes nunca disse as quatro palavras a Watson. Foi um ator britânico, Basil Rathbone, quem as soltou numa série de filmes feitos em Hollywood entre 1930 e 1940. A partir daí, tomou-se o "Elementar..." como real.



"Não tenho nada a oferecer a não ser sangue, suor e lágrimas."

Winston Churchill, ministro inglês

Quando Churchill se tornou primeiro-ministro britânico, seu discurso inaugural, em 13 de maio de 1940, trouxe a sentença famosa: "Não tenho nada a oferecer a não ser sangue, labuta, suor e lágrimas". Os assessores consideraram redundantes as expressões "labuta" e "suor". Decidiram suprimir a primeira.


"Desaprovo o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo."

Voltaire, filósofo francês

Em 1906, a escritora Evelyn Hall escreveu o livro Os Amigos de Voltaire. Numa passagem, referindo-se ao apoio de Voltaire a um contemporâneo que tivera seu livro condenado pelo papa, ela escreveu: "Desaprovo o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo, foi a atitude de Voltaire naquele momento". E assim nasceu a frase, como se fosse do filósofo.


"O Estado sou eu."

Luís XIV, monarca francês

"L'état c'est moi." Diz a lenda que o jovem Luís XIV (1638-1715) entrou abruptamente no Parlamento de Paris, vestido a caráter, interrompeu os debates e exclamou a diatribe, que virou um clássico.

Estudos recentes, contudo, mostram que não há registros históricos nos arquivos franceses da citação - embora ele certamente acreditasse no que teria dito.



"Que comam brioche."

Maria Antonieta, rainha francesa

Maria Antonieta (1755-1793) disse, sim, aos paisanos franceses que, já que não tinham pão, comessem brioche. Mas um historiador da Universidade Columbia descobriu que, muitos anos antes do nascimento dela, a frase já havia sido utilizada.

O filósofo Jean-Jacques Rousseau cita-a no livro Confissões, de 1778 - 11 anos antes da data em que Antonieta a teria proferido.



"Play it again, Sam."

Rick, personagem de Casablanca (1943)

O que aparece no filme é "Play it once, Sam... Play 'As Time Goes By'". Foi Ingrid Bergman (Ilsa), e não Humphrey Bogart (Rick), quem pediu ao pianista Dooley Wilson (Sam) que tocasse a música-tema do filme. Mas Dooley não tocou, apenas cantou - um profissional "dublou" o piano.


Fotos: AP; AP
Reprodução
Reprodução
Divulgação

27 março, 2007

Anita, Solidão e Esquecimento


Paisagem - Acesso ao Monte Serrat - Santos
Paisagem de Santo Amaro
Paisagem do Rio de Janeiro com o Corcovado ao fundo

Meus versos coloridos de hoje são para Anita Malfatti.

Não vou escrever sobre as adversidades da infância ou da adolecência atribulada. Não vou lembrar das criticas absurdas de Monteiro Lobato em artigo virulento, publicado no jornal «O Estado de São Paulo», que sequer foi à exposição de Anita Malfatti. Não viu nada e não gostou do que não viu.

Nem as palavras mais afáveis, ou menos agressivas, despejadas ao final do artigo, nem os elogios ao seu talento, colocados no início, poderiam desfazer tamanho estrago sobre a personalidade tímida e irresoluta de Anita, que caiu em forte depressão, vivendo um período de desorientação total e de descrença, um sentimento que carregou pelo resto da vida.

Vou transcrever as cartas de Anita a Mario de Andrade, mesmo depois da morte deste.


«Eu moro longe de São Paulo, tomo conta do meu jardim, arranco o mato e planto as flores e as árvores, rego quando posso, arrumo a casa e pinto as festinhas do nosso povo, que dão alegria ao coração de gente simples.

«O grandioso e o majestoso, assim como a glória e o mágico sucesso me deixam calada, triste, mas as coisas fáceis de pintar, simples de se compreender, onde mora a ternura e o amor do nosso povo, isso me consola, isto me comove. (...)

«Tenho medo de ter desapontado a você. Quando se espera tanto de um amigo, este fica assustado, pois sabe que nós mesmos, nada podemos fazer e ficamos querendo, querendo ser grandes artistas e tristes de ficarmos aquém da expectativa.

«Procurei todas as técnicas e voltei à simplicidade, diretamente: não sou mais moderna nem antiga, mas escrevo e pinto o que me encanta...»

25 março, 2007

Beijos de cinema





GUERRA E PAZ
Elegante em qualquer cenário, Audrey Hepburn troca beijos com Vittorio Gassman no épico Guerra e Paz, filme de 1956 do diretor King Vidor.


QUANTO MAIS QUENTE MELHOR
Maryilyn Monroe é o objeto de desejo de Tony Curtis, nessa deliciosa comédia dirigida por Billy Wilder em 1959.

23 março, 2007

Que fofooooooooo (uma recaída meio infantil)

Princesa Contente reinava num lugar onde só havia alegria.Um dia, um gênio mau prendeu a princesa em uma torre muito alta. Foi aí que Pedrinho Pintor resolveu ajudar a princesa.



as crianças saíram em busca de todos os amigos da princesa. Quando Pedrinho contou ao Arco-íris o que tinha acontecido, ele logo quis ajudar. E Pedrinho começou a pintar todas as coisas, e as cores vinham vindo e, à medida que as coisas foram ficando coloridas, os alegres amigos da princesa começaram a aparecer.

s flores se abriram e soltaram seus perfumes. Os pássaros, as danças, todos vieram!

E quando a vontade-de-cantar chegou junto com a Liberdade, todos se juntaram em volta da torre e começaram a cantar:

Gênio espiou lá de cima, muito ressabiado:

- Vão embora! Não me amolem, não quero vocês aqui!

- Só vamos se você soltar a princesinha!

- Não solto, não solto e não solto!

Nesse momento, de trás da multidão, começou a vir uma risadinha, depois uma risada, depois um riso grosso:

- Hi, hi, hi! Ha, ha, ha! Ho, ho, ho!

Era a Vontade-de-dar-risada, que vinha chegando e todos começaram a rir.

E ela chegou bem perto da torre e só ficou olhando pro Gênio.

O Gênio fez uma cara horrível e resistiu o mais que pôde. Mas não agüentou muito. E começou a rir que não parava mais.

- Hi, hi,hi! Ha, ha, ha! Ho, ho, ho!

E as portas da torre se abriram e a princesinha saiu. Todos se abraçaram, contentes, e o Gênio, que estava muito desmoralizado, foi embora e não

oltou nunca mais.

22 março, 2007

Almas

Tela: Lovers #20 por Thomas J. Vilot

"Deixa teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos entendem-se, mas as almas, não."

Manuel Bandeira

21 março, 2007

Amor à primeira vista

Salvador Dali já desenhava a figura de Gala antes mesmo de conhecê-la. Em vários quadros aparece o corpo daquela que um dia seria o seu grande amor.

A musa de toda uma vida, Elena Ivanovna Diakonova, nascida em Kazan, Tartária, Rússia, conhecida como Gala Éluard era casada com o poeta Paul Eluard quando conheceu Dali.

Sempre que a via Dali era tomado por um riso incontrolável e não conseguia falar-lhe. Foi preciso que ela o acalmasse para conseguir uma declaração de amor. E ela veio, penosa e gaguejada, pela dificuldade de Dali controlar-se, depois de um passeio pelo campo.

Dali cobriu-se de excrementos para provar a Gala o seu amor. Ela viu nisso uma declaração e se deixou tocar pela loucura dele, ou seja, os dois não eram lá muito inseridos nos padrões normais de comportamento.

Em 1934 Dalí e Gala, que já viviam juntos deste 1929, casaram-se numa cerimônia civil.

Mas nem tudo eram rosas, e os últimos anos de vida com Gala foram muito turbulentos e catastróficos. Numa tentativa de o tornar mais enérgico e capaz de pintar mais quadros, “a velha e gananciosa” – como era conhecida -, Gala fazia com que Dalí tomasse perigosos cocktails de antidepressivos e calmantes em doses maciças, o que haveria de danificar irremediavelmente o sistema nervoso e levá-lo à incapacidade total. Gala morreu em Port Lligat na madrugada de 10 de Junho de 1982 (o corpo foi transportado às escondidas para Pubol). Desde então, Dalí ficou profundamente deprimido e desorientado, perdendo toda a vontade de viver. Recusava-se a comer, ficando desidratado — talvez numa tentativa de suicídio, ou talvez tentando colocar-se num estado de animação suspensa, como lera que alguns animais microscópicos conseguiam fazer. Teve de ser alimentado por uma sonda nasal.

Gala foi uma incentivadora do gênero meio enlouquecido do artista e foi a grande comandante da vida de Salvador Dalí. Ele provavelmente não teria sido o que foi sem a ajuda e a inspiração emprestada por Gala. O fato é que daí veio uma duradoura história de amor. Dali jamais teve outra mulher e mesmo depois da morte de Gala nada mais ocupou o seu lugar.

Tela: Gala como Leda y el Cisne


19 março, 2007

Um Amor Possível, Sim Senhores


Quando foi lançado nos cinemas eu não assisti. Explico: fujo de aglomerações. O percurso até um shopping em que o filme, objeto do meu desejo, estiver passando e pelo horário em que terei disponibilidade de ir, acaba sendo uma viagem. Sem contar nas voltas dentro do estacionamento tentando arrumar uma vaga, as filas para o ingresso, pipoca e "xixi".

Eu sou muito preguiçosa. Prefiro ir aos museus, pinacotecas e outros lugares menos estressantes. E depois, o filme sai em video e não tem nada como se esparramar no conforto para assistir ao tão desejado filme.

Vão dizer:"Mas no cinema o filme assume outras proporções."

Concordo, mas não tem o controle remoto para pausar naquela cena que você amou, ou para o famoso "xixi" que sempre acontece nessas horas, pra pipoca sem estress e desfalque no bolso, não tem como voltar atrás pra entender melhor o que aconteceu naquela parte em que estivemos meio desatentos por causa de algum desconforto. Não dá pra você passar uma tarde inteira reprisando quando amou o filme.
Chega de lenga-lenga.

Hoje quero falar de Brokeback Mountain. Não por causa dos últimos acontecimentos, já o tinha selecionado para isso. O filme tem mesmo dimensão de tragédia grega, como disse Jabor num texto que li tempos atrás.

O conto de Annie Proulx, Brokeback Mountain, começa com Ennis del Mar (no filme Heath Ledger), já velho, acordando num trailer ainda mais miserável do que o do filme, de onde tem que sair porque terminou o trabalho temporário dele num rancho de criação de cavalos, sem saber se vai conseguir outro trabalho. Mas ele está impregnado (suffused) de prazer porque Jack (o personagem de Jake Gyllenhaal) estava no sonho dele.

No fim do conto, depois de toda a tragédia, quando Ennis pendura num prego, ao lado da foto da montanha onde eles se conheceram e foram felizes, o cabide com as camisas dele e de Jack, uma dentro da outra, sendo a dele por cima da de Jack, o inverso de como ele as tinha encontrado na casa dos pais do amante, escondidas no quarto dele por mais de 20 anos, é que ele (Jack) começa a aparecer nos sonhos de Ennis.

Essa cena é lúdica, o abraço cheio de ternura e amor eternizados na simples sobreposição das peças. Nem preciso dizer, chorei aos soluços e em total desamparo.

Voltando ao conto, o Jack que ele tinha visto pela primeira vez, com 18 anos, de cabelos encaracolados e um sorriso dentuço (Jack não se parece nada com o bonitão Jake Gyllenhal: é baixinho, gordinho e meio feioso). Depois que começou a sonhar com Jack, Ennis "acordava às vezes triste, às vezes com a antiga sensação de felicidade e gozo; o travesseiro às vezes molhado, às vezes os lençóis".

E a escritora conclui: "Havia um espaço aberto entre o que ele sabia e o que ele tentava acreditar, mas nada podia ser feito quanto a isso, e quando não tem conserto o jeito é aguentar".

Do jeito que Annie Proulx termina o conto, trazendo a história para a dimensão simples, cotidiana, do sonho, do travesseiro e dos lençóis molhados, da saudade triste e prazeirosa, ela faz do amor de Ennis e Jack algo que qualquer um de nós pode viver. E vive.

Como falar de um assunto tão espinhoso sem levantar bandeiras ou parecer antiquado?

A resposta: não há como. É praticamente IMPOSSÍVEL assistir a "Brokeback Mountain" com um olhar imparcial e sem ver sua opinião refletir-se em seu próprio posicionamento acerca do homossexualismo, um tema que ainda representa um tabu enorme quando tratado publicamente, mesmo numa época tão liberal como a que vivemos.

Pré-julgamentos e opiniões pessoais à parte, se você não concorda com o tema, melhor não assistir, e ponto final. Por outro lado, se você não liga para rotulações e não está nem aí para o que cada um faz de sua vida, como eu, resta apenas aproveitar o que "Brokeback Mountain" realmente é: uma bela história de amor, e dane-se se o casal central é formado por dois homens.




Mas até que ponto este "pequeno detalhe" influi no resultado final do longa? Não influi de modo algum. "Brokeback Mountain" é incontestavelmente um GRANDE trabalho.

O enredo acompanha vinte anos da vida dos cowboys Ennis Del Mar (Heath Ledger, Os Irmãos Grimm) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal, Soldado Anônimo). Ennis, trabalhador rural, e Jack, vaqueiro de rodeio, são enviados pelo fazendeiro Aguirre (Randy Quaid) para trabalhar isolados no alto da montanha Brokeback, como pastores de ovelhas, durante o verão de 1963. O afastamento do resto do mundo aproxima os dois e a amizade nasce naturalmente. Em seguida, descobrem-se apaixonados um pelo outro.

Chega o final do verão e, com ele, o momento de cada um seguir seu caminho. Ennis mantém-se na pequena cidade de Wyoming, casa-se com sua namorada de infância Alma (Michelle Williams, a Jen de Dawson's Creek) e tem duas filhas. Jack vai para Texas, para realizar seu sonho de se tornar um grande cowboy de rodeio, e envolve-se com a riquinha Lureen Monroe (Anne Hathaway, O Diário da Princesa 2). Quatro anos depois, Ennis recebe um cartão-postal de Jack, que visitará Wyoming dentro de alguns dias. Com a chegada de Jack, os dois enfrentam o fato de que a distância só fortaleceu o amor que sentem um pelo outro. Conscientes de que vivem numa época e num lugar onde o homossexualismo é condenado à marginalidade, decidem continuar encontrando-se, escondidos, no mesmo palco de seu relacionamento passado: o alto da montanha Brokeback - por sinal, quase uma personagem, tamanha sua importância para os personagens e para a história.

Ang Lee é tão natural em seu trabalho que, em muitos momentos, o espectador esquece que são dois caras ali. Uma seqüência em especial, - o momento em que Jack Twist parte em sua pick-up e vê o reflexo de Ennis Del Mar, indo em direção contrária - , é de uma tristeza tão grande que poucos conseguirão sobreviver a ela sem sentir os olhos lacrimejar.

- Eu funguei e funguei, solucei e acabei com o Kleneex.

Ledger, está em seu auge no papel do bronco Ennis Del Mar, homem amargurado, descontente com sua situação e que jamais conseguirá aceitar para si mesmo sua condição de homossexual; e Williams, na minha humilde opinião, conseguiu a façanha de atropelar com um rolo compressor a atuação de Rachel Weisz, a melhor daquele ano.

A dupla de atores e a magnífica fotografia do mexicano Rodrigo Prieto já valem.


.
O único porém foi a indecisão do roteiro em ousar ou não ousar no relacionamento de Ennis e Jack. Explico: o primeiro contato íntimo entre os dois é uma seqüência PESADÍSSIMA. A partir daí, as coisas ficam bem mais amenas, resumindo-se a um ou outro abraço e alguns "beijos" aparentemente forçados. Numa cena em especial, tive a impressão de que Jake Gyllenhaal encolheu a boca na hora de beijar...
Num trabalho deste naipe, ou o filme entrega-se por completo ou não se entrega. Não dá para ficar no meio-termo.

Ang Lee realizou um longa bonito, comedido, triste, absolutamente depressivo e, acima de tudo, IMPORTANTE. Para se assistir com o coração aberto, sem importar-se se o casal retratado na tela é gay, bissexual, lésbica, héterossexual ou qualquer outro rótulo. Talvez daqui a algum tempo, quem sabe, a intensa e comovente história de amor entre Ennis Del Mar e Jack Twist faça alguma diferença e ajude a eliminar de uma vez por todas este pré-conceito idiota que reina no nosso planeta. Como a apropriadíssima tagline que estampa o cartaz diz, o amor é nada mais do que uma força da natureza.

:
Segredo de Brokeback Mountain, O

(Brokeback Mountain, 2005)


Gênero: Drama - Romance
Duração: 130 min
Origem: EUA
Estúdio: Focus Features
Direção: Ang Lee
Roteiro:DianaOssana,Larry McMurtry
Produção:DavidLinde,James Schamus

Site Oficial: Brokeback Mountain

Clips:
http://www.youtube.com/watch?v=ynxkMjeo1jA
http://www.youtube.com/watch?v=x68vJxc0pAM

17 março, 2007

Ata-me


Susann Probst

Não quero a liberdade dos normais,
das pessoas corretas,
das contas pagas,
de um dia após o outro,
de uma noite tranquila,
da mesa posta,
da cama arrumada,
do calar para não polemizar,
de engolir cobras e lagartos
apenas porque as mocinhas devem ser assim
e as pessoas que varrem a sujeira
pra debaixo do tapete,
agradecem...

Então ata-me
e me esquece

A bailarina