26 outubro, 2011
Uma questão de criatividade
"Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém,pouco praticou, pois Padre Pafúncio pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos,porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, pois pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam,permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precatar-se. Profundas privações passou Pedro Paulo.Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo...Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Passando pela principal praça parisiense, partindo para Portugal, pediu para pintar pequenos pássaros pretos. Pintou, prostrou perante políticos, populares, pobres, pedintes.
- Paris! Paris! - proferiu Pedro Paulo - parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:
- Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?
- Papai - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitiste, porém preferindo,poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas.
Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando..."
Permitam-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar...
(autor desconhecido)
19 outubro, 2011
Tutu Marambá

Pelo estudo que dele fez Valle Cabral, em suas preciosas “Achegas ao estudo do folk-lore brasileiro” (Gazeta Literaria”, 1884, págs. 346-350), sabe-se que na Bahia foi corporificado num porco-do-mato (caitetú ou catitú), talvez pela semelhança desse nome tupico com o vocábulo kimbundo.
Recebeu, quer ali, quer em outros pontos do Brasil, onde penetrou, vários acréscimos, que figuram em poesias populares, da Bahia (98) e de alhures. Assim é que passou a ser tutú-zambê ou tutú-cambê, tutú-marambaia, tutú-do-mato ou bicho-do-mato. Bicho, com efeito, no mais restrito dos seus sentidos de aplicação a seres fantásticos, é sinônimo de tutú.
Todos gostaram da história.
Tutu Marambá
Cantigas Populares
Tutu Marambá não venhas mais cá
Que o pai do menino te manda matar (repete)
Durma nenem, que a Cuca logo vem
Papai está na roça e Mamãezinha em Belém
Tutu Marambá não venhas mais cá
Que o pai do menino te manda matar (repete)
04 março, 2011
Hoje é domingo...

No pé do cachimbo,
O cachimbo é de ouro
Quer dar no besouro
O besouro é valente
Quer dar no tenente
O tenente é de linha
Quer dar na galinha
A galinha é de Nino
Quer dar no menino...
Quem não conhece essa parlenda que permeava as brincadeiras de infância. Com variações, dependendo da região, fazia parte das nossas brincadeiras .
Todo dia era dia da brincadeira na rua.
13 julho, 2010
Mãe do Ouro
Quando os dois desembargaram em terras tupiniquins , casaram – se . Porém , alguns dias depois do matrimônio , Pedro matou a esposa e a enterrou dentro de uma caverna , onde havia escondido o tesouro da companheira .
Na noite seguinte Henrique , um jovem pobre , andava perto da região da caverna . Quando , de repente , avistou uma bola de fogo dourada e começou a segui – la até o local . Chegando lá , o moço descobriu o tesouro e ficou rico .
Numa outra noite esta moça voltou com o seu formato de bola de fogo , foi até a casa onde estava seu ex – marido e queimou a residência com o seu ex – companheiro junto .
Naquela mesma vila Maria descobriu que Dalva era maltratada pelo seu marido , Eusébio . Então numa noite de Lua cheia o espírito de Maria entrou no mesmo bordel que o marido de Dalva freqüentava , seduziu este homem e convenceu o rapaz a ir até a sua caverna . Chegando no local Maria matou esta pessoa . Assim a partir daquela noite esta moça passou a perseguir todos os homens que maltratam as suas esposas . Dizem que esta assombração existe até hoje , indicando cavernas onde há jazidas de ouros para os pobres e castigando os maridos maus , seu apelido popular é Mãe – do – Ouro .
28 dezembro, 2009
A Princesa encantada de Jericoacoara

Perto do farol da praia de Jericoacoara, quando a maré está baixa, há uma abertura de caverna onde só se consegue entrar agachado. Através dela só se consegue entrar na boca da caverna, não é possível percorrê-la, porque a caverna está bloqueada por um enorme portão de ferro.
O Reino da Pedra Bonita e a princesa estariam além desse portão. De acordo com a lenda a linda princesa foi transformada por magia em uma serpente de escamas de ouro, só tendo a cabeça e os pés de mulher.
Ela só pode ser desencantada com sangue humano. Assim, no dia em que alguém for sacrificado junto do portão, se abrirá a entrada para o reino maravilhoso. Com sangue deve se fazer uma cruz no dorso da serpente. E então surgirá a princesa com toda sua beleza, cercada de grandes tesouros inimagináveis, e a cidade com suas torres douradas finalmente poderá ser vista. O felizardo responsável pelo desencantamento da princesa poderá se casar com ela.
Mas infelizmente, até hoje não apareceu ninguém disposto a quebrar esse encantamento.
E a linda princesa que ainda é metade mulher e metade serpente, com seus tesouros e sua cidade encantada, continua na gruta a espera do seu herói.
Aquarela: Alex Sidatra:
10 setembro, 2009
O Mapinguari
Se nossos medos mais ocultos se tornam representações alegóricas vivas, compreender esses temores, nos faculta então a cura dos medos.O Mapinguari é o mais popular dos monstros da Amazônia. Seu domínio estende-se pelo Pará, Amazonas, Acre, vivificado pelo medo de uma população meio nômade que mora nas matas, subindo os rios, acampando nas margens desertas dos grandes lagos e lagoas sem nome.
caçadores e trabalhadores de todos os ofícios citam Mapinguari como um verdadeiro demônio do Mal. Não tem utilidades ou vícios cuja satisfação determine aliança momentânea com os religiosos cristãos. Mata sempre, infalivelmente, obstinadamente, quem encontra pela frente. Mata para comer.
Descrevem-no como um homem agigantado, negro pelos cabelos longos que recobrem seu corpo como um manto, de mãos compridas, unhas em garra, fome insaciável, ou "canina" como é conhecida uma fome de tamanha envergadura. Só é vulnerável no umbigo. É crença universal a existência da vulnerabilidade umbilical dos monstros. Indica também que um dia nasceu de outro nascido, que é um ser vivente como todos os outros que habitam a terra, apenas pertencente a uma linhagem pouco compreendida.
Algumas regiões, também o Lobisomem, pode ser abatido pelo umbigo. O Mapinguari, ao contrário de outras entidades fabulosas, não anda durante a noite. Durante a noite, dorme. O perigo é de dia, a penumbra no meio das florestas fechadas que mal deixam passar a luz do Sol. Na obscuridade dos troncos de muitas formas o Mapinguari se destaca, surge bruscamente, para atacar e ferir. Mas não avança silencioso como seria a lógica. Vem berrando alto, gritos soltos, curtos, horríveis, que deixam suas vítimas atordoadas, sem ação.
Longe os homens ouvem seus apelos terríveis. E fogem, sem olhar para trás. É como se o Mapinguari estivesse desafiando os carajosos para um encontro supremo, face a face. Esses gritos roucos e contínuos explicam os rumores naturais que a floresta produz e não se consegue de forma sensata explicá-los. Assim, sem uma explicação lógica para os muitos e difusos barulhos e murmúrios da densa e misteriosa mata, os homens logo atribuem ao Mapinguarital repertório sonoro.
14 junho, 2009
O Cravo brigou com a Rosa - Cantiga de Roda
O Cravo brigou com a Rosa
Debaixo de uma sacada
O Cravo saiu ferido
A Rosa despedaçada.
O Cravo ficou doente
A Rosa foi visitar
O Cravo teve um desmaio
A Rosa pôs-se a chorar
12 fevereiro, 2009
A Lenda do Guaraná
Conta a lenda que um casal de índios Maués, viviam juntos a muitos anos e ainda não tinham filhos. Um dia, pediram a Tupã para dar-lhes uma criança. Tupã atendeu o desejo do casal e deu-lhes um lindo menino, que cresceu cheio de graça e beleza e se tornou querido de toda a tribo. No entanto, Jurupari, o Deus da escuridão e do mal, sentia muita inveja do menino e decidiu matá-lo. Certo dia, quando o menino foi coletar frutos na floresta, Jurupari aproveitou para se transformar numa serpente venenosa e matar o menino.
Neste momento, fortes trovões ecoaram por toda a aldeia, e relâmpagos luziam no céu em protesto. A mãe, chorando em desespero ao achar seu filho morto, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã. Em sua crença, Tupã dizia-lhe que deveria plantar os olhos da criança e que deles nasceria uma nova planta, dando saborosos frutos, que fortaleceria os jovens e revigoraria os velhos. E os índios, plantaram os olhos da criança e regavam todos os dias.
Logo mais, nesse lugarzinho onde foi enterrado os olhos do indiozinho, nasceu o Guaraná, cujos frutos, negros como azeviche, envoltos por uma orla branca em sementes rubras, são muito semelhantes aos olhos dos seres humanos
12 dezembro, 2008
A Iara

Os cronistas dos séculos XVI e XVII registraram essa história. No princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara.
Todo pescador brasileiro, de água doce ou salgada, conta histórias de moços que cederam aos encantos da bela Uiara e terminaram afogados de paixão.
Ela deixa sua casa no fundo das águas no fim da tarde. Surge magnífica à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.
Quando a Mãe das águas canta, hipnotiza os pescadores. Um deles foi o índio Tapuia. Certa vez, pescando, Ele viu a deusa, linda, surgir das águas. Resistiu. Não saiu da canoa, remou rápido até a margem e foi se esconder na aldeia. Mas enfeitiçado pelos olhos e ouvidos não conseguia esquecer a voz de Uiara. Numa tarde, quase morto de saudade, fugiu da aldeia e remou na sua canoa rio abaixo.
Uiara já o esperava cantando a música das núpcias. Tapuia se jogou no rio e sumiu num mergulho, carregado pelas mãos da noiva. Uns dizem que naquela noite houve festa no chão das águas e que foram felizes para sempre. Outros dizem que na semana seguinte a insaciável Uiara voltou para levar outra vítima.
14 novembro, 2008
Cantigas de Roda
Elas também podem ser chamadas de cirandas, e têm caráter folclórico. Esta prática, hoje em dia não tão presente na realidade infantil como antigamente devido às tecnologias existentes, é geralmente usada para entretenimento de crianças de todas as idades em locais como colégios, creches, parques, etc.
Há algumas características que elas têm em comum, como por exemplo a letra. Além de ser uma letra simples de memorizar, é recheada de rimas, repetições e trocadilhos, o que faz da música uma brincadeira. Muitas vezes fala da vida dos animais, usando episódios fictícios, que comparam a realidade humana com a realidade daquela espécie, fazendo com que a atenção da criança fique presa à história contada pela música, o que estimula sua imaginação e memória.
Ai estão três que gosto muiiiiiiiiiitoooooooooooooo. A primeira eu cantava todos os dias para meu piá, o Gui, desde a barriga até ele pedir para eu não chamá-lo mais de nenê. Mas ele continua sendo meu Alecrim e meu nenê.
26 agosto, 2008
Macunaíma

Nas terras de Roraima havia uma montanha muito alta onde um lago cristalino era expectador do triste amor entre o Sol e a Lua. Por motivos óbvios, nunca os dois apaixonados conseguiam se encontrar para vivenciar aquele amor. Quando o Sol subia no horizonte, a lua já descia para se pôr. E vice-versa. Por milhões e milhões de anos foi assim. Até que um dia, a natureza preparou um eclipse para que os dois se encontrassem finalmente. O plano deu certo. A Lua e o Sol se cruzaram no céu. As franjas de luz do sol ao redor da lua se espelharam nas águas do lago cristalino da montanha e fecundaram suas águas fazendo nascer Macunaíma, o alegre curumim do Monte Roraima. Com o passar do tempo, Macunaíma cresceu e se transformou num guerreiro entre os índios Macuxi. Bem próximo do Monte Roraima havia uma árvore chamada de "Árvore de Todos os Frutos" porque dela brotavam ao mesmo tempo bananas, abacaxis, tucumãs, açaís e todas as outras deliciosas frutas que existem. Apenas Macunaíma tinha autoridade para colher as frutas e dividi-las entre os seus de forma igualitária. Mas nem tudo poderia ser tão perfeito. Passadas algumas luas, a ambição e a inveja tomariam conta de alguns corações na tribo. Alguns índios mais afoitos subiram na árvore, derrubaram-lhe todos os frutos e quebraram vários galhos para plantar e fazer nascer mais árvores iguais àquela. A grande "Árvore de Todos os Frutos" morreu e Macunaíma teve de castigar os culpados. O herói lançou fogo sobre toda a floresta e fez com que as árvores virassem pedra. A tribo entrou em caos e seus habitantes tiveram que fugir. Conta-se que, até hoje, o espírito de Macunaíma vive no Monte Roraima a chorar pela morte da "Árvore de todos os frutos".
29 maio, 2008
Vitória Régia
No cume das colinas, as cunhãs esperavam o aparecimento de Jaci, acreditando que ela trouxesse o bem do amor, pois seu beijo tornava-as iluminadas, desmaterializando-as e transformando-as em estrelas...
Algumas maravilhosas lendas se teceram em torno desse assunto e, em uma delas, que descrevo logo abaixo, é a Lua, com toda sua magia, que irá criar a vitória-régia, para que tão bela quanto as estrelas do céu, se torne uma "estrela da água", com um perfume inconfundível que jamais foi dado a uma flor...
LENDA DE NAIÁ
Na manhã do mundo, no seio de uma primitiva tribo, contavam os velhos pajés adivinhos, Senhores de todos os segredos da natureza que, quando a Lua ainda era considerada um deus masculino e ainda quando esta se escondia por detrás dos montes da serra, coabitava com as virgens de sua predileção.
O encanto destes encontros era de tal grandeza e beleza, que os velhos sábios não possuíam palavras humanas para descrevê-los, deixando as entrelinhas a cargo de nossa imaginação.
Aconteceu que a jovem guerreira Naiá, filha do venerável chefe, princesa da tribo, de alva pele e cabeleira muito ruiva tal qual uma espiga de milho verde, se impressionara com a sugestiva fantasia daqueles amores lunares. E, por isso, no avançar da noite, quando o sono fechava a vida da taba, e a erótica divindade sedutoramente simulava tocar suas mechas de cabelo, a cunhã galgava as montanhas buscando mergulhar sua alma na insolvência daqueles luminosos afagos, tão exaltados pelos convincentes anciãos.
Afirmavam eles que a deusa hemafrodita, com a irradiosa insuflação dos seus beijos, transmutava em luz o corpo das virgens predestinadas, apagando-lhes completamente a tinta de sangue vermelha, vaporizando-lhes a carne. E fugia em seguida, conduzindo as afortunadas amantes, sugando-lhes a vida, para deixá-las, assim desmaterializadas, nos leitos nupciais das nuvens elevadas.
E, desta forma iam nascendo as estrelas do céu....
Naiá ansiava pela maravilhosa mudança do seu grosseiro e cotidiano viver terreno para aquela divina existência eterizada. Mas a realidade enganava-a constantemente, passava as noites perseguindo o noivo celestial que debruçava-se de colina em colina, cada vez mais fascinante, entretanto, mais fugitivo de sua doentia paixão.
A virgem guerreira, definha suspirosa e sofredora. Não houve poções, feitas pelas mãos miraculosas dos pajés, nem sobrenaturais sortilégios de elevada magia, capazes de curá-la daqueles obsessivos anseios. E assim, vivia essa jovem enferma, a vagar nas noites enluarada, dilacerando-se pelas íngremes escarpas, uma psicose viva, corporificada, entre lágrimas e soluços, cantando os seus delírios.
Certa vez, quando a sombra da insânia mais anuviava o toldo do entendimento, viu no espelho de um lago, feliz e tranqüilo, a imagem do pálido bem amado. Atirou-se em busca do ser iluminado, bracejando agônicos paroxismos.
Semanas inteiras a tribo debateu-se inutilmente em sua busca.
Os deuses selvagens, entretanto, eram bons e agradecidos. A Lua, que gerara as águas, os peixes e as plantas aquáticas, quis recompensar o sacrifício daquela vida virgem. Fê-la então estrela das águas, poema triunfal de cor e perfume, que cantará eternamente em nossa flora.
E, ao nascer do branco corpo da cunhã, a misteriosa flor, desabrochou com intensa candura de espírito na grande flor perfumada, transformando em espinhos toda a mágoa que tiranizava a jovem índia. Depois, dilatou o quanto pode, a palma de suas folhas, para tornar maior o receptáculo dos afagos da sua luz, amorosamente ofertada.
Todas as noites, Naiá desnuda-se, arrumando jeitosamente as esvoaçantes e longas pétalas, para receber, no tálamo das águas mansas, os beijos apaixonados do luar.
LENDA GUARANI
Dois jovens indígenas se amavam, como sabem amar os que vivem longe dos tentáculos da civilização. Moroti, uma morena linda como Iracema e Pitá, um rapaz forte e o mais bravo dos guerreiros.
Viviam pelas matas correndo e caçando com que organizavam encantadoras grinaldas e pescando, na mansidão das lagoas, os peixes mais saborosos.
Um dia, Moroti quis experimentar até que ponto ia o amor que lhe devotava Pitá e, tirando do braço uma pulseira de contas silvestres, arremessou-a no rio Paraná, ao mesmo tempo que dizia:
-"Querem ver o que este guerreiro é capaz de fazer por mim?"
Estava a margem cheia de índios que ali haviam se reunido para uma pescaria, início de grandes folguedos. E Moroti não quis deixar escapar a oportunidade de mostras às suas amigas, como era amada pelo mais valente varão daquelas terras.
Assim que o bracelete da doce amada feriu a superfície das águas, Pitá, num mergulho nervoso, atirou-se no Paraná, procurando apanhá-lo.
Moroti ficou sorrindo, como só as filhas trigueiras das selvas sabem sorrir. As risadas dos que assitiam à cena, adveio um silêncio constrangedor, pois o índio não voltara à tona. As mulheres choravam, os homens lamuriavam-se, apenas Moroti continuava a sorrir...
Foi chamado às pressas o pajé, para explicar o que tinha acontecido.
A passos apressados veio o feiticeiro da tribo, e, depois de meditar profundamente, com voz compassada, explicou:
-"Pitá a esta hora está num palácio encantado, recebendo os carinhos da fada das água (cunhã payé)".
Moroti deixou de sorrir. E o pajé continuou:
-"Assim que Pitá mergulhou, a loira cunhã das águas levou-o para o seu palácio de diamante e, envolvendo-o nos seus cabelos, cobriu-o loucamente de beijos...É preciso libertar Pitá e somente uma jovem que o ame apaixonadamente poderá fazê-lo".
Moroti não quis escutar mais nada: amarrou pesada pedra aos pés e deixou-se envolver pelas águas numa renúncia adorável.
Durante todo o dia e quase toda a noite ficaram os parentes aguardando a volta do casal amoroso.
Aos primeiros albores do dia seguinte, viram todos emergir das profundezas das águas uma planta desconhecida, era "irupé": a Vitória Régia.
Do seio potâmico surgiu uma flor, um verdadeiro amor: grande, de cores vivíssimas, perfumada...As pétalas do centro eram alvas como o nome da donzela indígena, Moroti, e as da periferia, vermelhas como o do guerreiro Pitá. A flor irrompeu nas águas, esteve um momento acima do nível das mesmas, deixando espalhar seu perfume e rorejar gotículas, como se fosse uma jovem que saísse do banho... De repente, deu um gemido e desapareceu novamente, no seio das águas de onde despontara.
O pajé explicou:
-"Essa flor representa o amor vencedor. Moroti libertou Pitá dos meneios da feiticeira das águas que tantos guerreiros nos tem roubado. Façamos festa, cantemos, pois "cunhã payé" foi vencida pelo amor puro de Moroti."
E na margem do gigantesco rio, foi improvisada uma festança. Uma cantoria enfadonha exprimia o contentamento daquela gente que acreditava no pajé, que para eles era a encarnação da verdade.
A flor da Vitória Régia só abre de dia. Assim que a terra se cobre de luto da noite, a flor fecha-se de todo e submerge. Nesse momento Pitá e Moroti se abraçam e dormem profundamente até o dia seguinte embalados pelo movimento das águas.
Daquele sono amoroso nascem as sementes que perpetuarão a espécie, caindo ali mesmo no lado do fundo, ou levadas para outras plagas nos intestinos dos peixes e das aves, no pelo dos animais, pela torrente que balança os compridos pecíolos cobertos de acúleos, e pela mão do homem que estuda a Natureza e que ama o belo.
A Vitória-Régia ama as enchentes e as inundações. Á medida que as águas vão subindo, com elas vão crescendo os longuíssimos pecíolos, que, às vezes, atingem cinco metros de comprimento. Enquanto pequenos, esses pecíolos trazem nas suas extremidades superiores folhas em formas de setas, as quais se vão tornando cada vez mais oblongas até tomarem a face de uma enorme bandeja, quando as águas estiverem na plenitude da cheia. Algumas folhas chegam a cobrir mais de três metros quadrados de superfície azul ou esverdeada das águas onde vicejam.
Os maguaris, as garças e mil outras aves passeiam sobre as lagoas, em todas suas áreas, pisando nas largas lajes vegetais que coalham sua superfície e respiram a fragrância que se desprende das belíssimas flores que embalsamam e o ambiente com um aroma divinal.
Sua flor, chega a ter, em sua plenitude, até quarenta centímetros de diâmetro, e sua cor varia do branco ao carmim, exalando sempre o mesmo perfume incomparável. A época de floração é em janeiro e em fevereiro.
A raiz da Vitória-Régia é um tubérculo parecido com o do inhame, ao qual os indígenas dão o nome de "forno d'água", em função da sua forma ser semelhante a um tacho de torrar farinha. Esses feculentos tubérculos são grandemente apreciados pelos índios, como pelos habitantes ribeirinhos.
Se o nível das águas permanecer alto, estas belas ninfas aquáticas vivem cerca de dois anos. Se porém, as águas descerem, a Vitória-Régia vai definhando, como se a ela faltasse o alimento principal para viver, para o híbrido elemento é o nosso ar.
Em agosto, já se pode apreciar suas gordas cápsulas repletas de sementes que vão se depositando no lodo do fundo. Enterram-se na lama diluída que se endurece totalmente, assim que recebe diretamente a ação vivificante dos raios solares.
Encontram nas sementes, os homens e as aves, um delicioso alimento, esgravatando a terra onde se encontram sepultadas. Na procura desse extraordinário "irupé", o milho da água dos indígenas, agrupam-se garridos bandos de pássaros, exibindo-nos grandioso espetáculo. Com suas ricas e exóticas roupagens de plumas substituem, naquele cenário encantador, os largos mantos verdes enfeitados de flores das vitórias-régias. Esses pássaros levam consigo as sementes e deixam-nas em algum lugar. As águas arrastam também uma quantidade incontável de grãos. é deste modo que se propaga a existência da Vitória-Régia que é encontrada, desde os mananciais dos afluentes da esquerda do rio Amazonas, até os baixos tributários do Paraná e do Paraguai. Designam os botânicos essa dispersão provocada pelos pássaros de "florula ornitocórea" e de "hidrocórea", a produzida pela torrente.
A "Deusa Vegetal" dos lagos e rios, era conhecida dos guaranis que a chamavam de "irupé", outros indígenas tratavam-na de "iapucacaa". Seu nome, como conhecemos hoje, é devido à um botânico inglês, que maravilhado com e exuberância da planta, deu-lhe o nome da Rainha Vitória do Reino Unido.
A Vitória-Régia é conhecida também como "Estrela da Água", porque sua flor desabrocha completamente por volta da meia-noite, para submergir depois, quando fechada. Na manhã seguinte ela aparece e abrindo lentamente as pétalas, exala o mesmo perfume e irradia a mesma beleza.
Estrela das águas, poema triunfal de cor e perfume,
Que cantará eternamente em nossa flora.
Todas as noites desnuda-se,
Arrumando jeitosamente as esvoaçantes e longas pétalas.
Para receber no tálamo das águas mansas,
Os beijos apaixonados das noites de luar.
Índios do Brasil - Lima Figueiredo - Livraria José Olympio
No País das Pedras Verdes - Raimundo Morais
Na Planície Amazonas - Raimundo Morais
A Amazônia que eu vi - Gastão Cruls
Amazônia, a Terra e o Homem - Araújo Lima
Estórias e Lendas da Amazônia - Anisio Mello
14 abril, 2008
A MOURA TORTA
1ª VERSÃO
Era uma vez um rei que tinha um filho único, e este, chegando a ser rapaz, pediu para correr mundo. Não houve outro remédio senão deixar o príncipe seguir viagem como desejava. Nos primeiros tempos nada aconteceu de novidades. O príncipe andou, andou, dormindo aqui e acolá, passando fome e frio. Numa tarde ia ele chegando a uma cidade quando uma velhinha, muito corcunda, carregando um feixe de gravetos, pediu uma esmola.
O príncipe, com pena da velhinha, deu dinheiro bastante e colocou nos ombros o feixe de gravetos, levando a carga até pertinho das ruas.
A velha agradeceu muito, abençoou e disse:
- Meu netinho, não tenho nada para lhe dar: leve essas frutas para regado mas só abra perto das águas correntes.
Tirou da sacola suja três laranja e entregou ao príncipe, que as guardou e continuou sua jornada.Dias depois, na hora do meio-dia, estava morto de sede e lembrou-se das laranjas. Tirou uma, abriu o canivete e cortou. Imediatamente a casca abriu para um lado e outro e pulou de dentro uma moça bonita como os anjos, dizendo:
- Quero água! Quero água!Não havia água por ali e a moça desapareceu. O príncipe ficou triste com o caso. Dias passados sucedeu o mesmo.
Estava com sede e cortou a Segunda laranja. Outra moça, ainda mais bonita, apareceu, pedindo água pelo amor de Deus.O príncipe não pôde arranjar nem uma gota. A moça sumiu-se como uma fumaça, deixando-o muito contrariado.
Noutra ocasião o príncipe tornou a Ter muita sede. Estava já voltando para o palácio de seu pai. Lembrou-se do sucedido com as duas moças e andou até um rio corrente. Parou e descascou a última laranja que a velha lhe dera. A terceira moça era bonita de fazer raiva. Muito e muito mais bonita que as duas outras. Foi logo pedindo água e o príncipe mais que depressa lhe deu.
A moça bebeu e desencantou, começando a conversar com o rapaz e contando sua história. Ficaram namorados um do outro. A moça estava quase nua e o príncipe viajava a pé, não podendo levar sua noiva naqueles trajes. Mandou subir para uma árvore, na beira do rio, despediu-se dela e correu para casa. Nesse momento chegou uma escrava negra, cega de um olho, a quem chamavam a Moura Torta.
A negra baixou-se para encher o pote com água do rio mas avistou o rosto da moça que se retratava nas águas e pensou que fosse o dela. Ficou assombrada de tanta formosura. Meu Deus! Eu tão bonita e carregando água? Não é possível... Atirou o pote nas pedras, quebrando-o e voltou para o palácio, cantando de alegria.
Quando a viram voltar sem água e toda importante, deram muita vaia na Moura Torta, brigaram com ela e mandaram que fosse buscar água, com outro pote. Lá voltou a negra, com o pote na cabeça, sucumbida. Meteu o pote no rio e viu o rosto da moça que estava na árvore, mesmo convencida da própria beleza. Sacudiu o pote bem longe e regressou para o palácio, toda cheia de si. Quase a matam de vaias e de puxões.
Deram o terceiro pote e ameaçaram a negra de uma surra de chibata se ela chegasse sem o pote cheio d'água. Lá veio a Moura Torta no destino. Mergulhou o pote no rio e tornou a ver a face da moça. Esta, não podendo conter-se com a vaidade da negra, desatou uma boa gargalhada. A escrava levantou a cabeça e viu a causadora de toda sua complicação.
- Ah! É você, minha moça branca? Que está fazendo aí, feito passarinho? Desça para conversar comigo. A moça, de boba, desceu, e a Moura Torta pediu para pentear o cabelo dela, um cabelão louro e muito comprido que era um primor.
A moça deixou. A Moura Torta deitou a cabeça no seu colo e começou a catar, dando cafuné e desembaraçando as tranças. Assim que a viu muito entretida, fechando os olhos, tirou um alfinete encantado e fincou-o na cabeça . esta deu um grito e virou-se numa rolinha, saindo a voar.
A negra trepou-se na mesma árvore e ficou esperando o príncipe, como a moça lhe tinha dito, de boba. Finalmente o príncipe chegou, numa carruagem dourada, com os criados e criadas trazendo roupa para vestir a noiva. Encontrou a Moura Torta, feia como a miséria.
O príncipe assim que a viu, ficou admirado e perguntou a razão de tanta mudança. A Moura Torta disse:
- O sol queimou minha pele e os espinhos furaram meu olho. Vamos esperar que o tempo melhore e eu fique como era antes.O príncipe acreditou e lá se foi a Moura Torta de carruagem dourada, feito gente. O rei e a rainha ficaram de caldo vendo uma nora tão horrenda como a negra. Mas, palavra de rei não volta atrás e o prometido seria cumprido.
O príncipe anunciou seu casamento e mandou convite aos amigos A Moura Torta não acreditava nos olhos. Vivia toda coberta de seda e perfumada, dando ordens e ainda mais feia do que carregando o pote d'água. Todos antipatizavam com a futura princesa.Todas as tardes o príncipe vinha descansar no jardim e notava que uma rolinha voava sempre ao redor dele, piando triste e fazer fpena. Aquilo sucedeu tantas vezes que o príncipe acabou ficando impressionado.
Mandou um criado armar um laço num galho e a rolinha ficou presa. O criado levou a rolinha ao príncipe e este a segurou com delicadeza, alisando as peninhas. Depois coçou a cabecinha da avezinha e encontrou um caroço duro.
Puxou e saiu um alfinete fino. Imediatamente a moça desencantou-se e apareceu bonita como os amores. O príncipe ficou sabendo da malvadeza da negra escrava. Mandou prender a Moura Torta e contou a todo o mundo a perversidade dela, condenando-a a morrer queimada e as cinzas serem atiradas ao vento. Fizeram uma fogueira bem grande e sacudiram a Moura Torta dentro, até que ficou reduzida a poeira.
A moça casou com o príncipe e viveram como Deus com seus anjos, querida por todos. Entrou por uma perna de pinto e saiu por uma de pato, mandou dizer El-Rei Meu Senhor que me contassem quatro...
FONTE: http://www.khouse.fplf.org.br/projetos/mural/navegarpreciso18.html
mais histórias: http://www.khouse.fplf.org.br/projetos/mural/navegarpreciso10_1.html
2ª VERSÃO

Havia um rei que tinha um filho. Quando este chegou à idade de casar, disse a seus pais:
- Quero me casar com a mulher mais formosa do mundo. Assim, vou percorrer o mundo até encontrá-la. Saiu do palácio e caminhou até chegar a uma fonte, onde parou para tomar água.
Ao inclinar-se para beber, viu refletidas na água, três laranjas. Ergueu os olhos e viu que de uma frondosa laranjeira pendiam três grandes e belas laranjas.
- Que saborosas devem ser, disse o príncipe, e dizendo isso, subiu na árvore e cortou as três preciosas laranjas.
Partiu a primeira e, como por encanto, saiu dela uma jovem muito linda que, ao ver o príncipe, lhe disse:
- Dá-me pão.
- Não posso, disse ele, porque não tenho.
- Então volto para minha laranja, disse a jovem.
Desaparecendo, deixou a laranja intacta. Partiu o príncipe a segunda laranja e da fruta saiu outra jovem, muito mais bela que a primeira.
- Dá-me pão, disse ao príncipe.
- Não posso, pois não tenho, ele falou.
- Então volto para minha laranja.
A laranja se fechou e ficou como antes. O príncipe ficou pensativo e, decidiu conseguir pão, a fim de dar à ultima jovem da laranja. Assim pensava o jovem, quando coincidiu de passar por ali um cigano em seu coche.
- Amigo, gritou o príncipe - te darei uma moeda de ouro por um pedaço de pão.
Rapidamente o cigano desceu da carruagem e correu a levar o pão ao príncipe. O príncipe ficou muito contente e satisfeito. Partiu a terceira laranja e, como havia imaginado, do coração da fruta saltou uma jovem muito mais formosa que as anteriores.
- Dê-me pão, ela disse.
O príncipe alegremente deu o pão à jovem, que em seguida falou:
- Agora te pertenço, podes fazer de mim o que quiseres.
- Contigo me caso, lhe disse o príncipe.
Como a jovem estava nua, o príncipe queria antes vesti-la para levá-la ao palácio. Deu uma olhada na roupa do cigano que ainda permanecia ali, porem notou que estavam muito sujas. O príncipe então disse à jovem:
- Espera aqui com este cigano até que eu volte com uma roupa.
O cigano tinha uma filha que viajava com ele no coche, que havia dormido durante todo o tempo em que a história das laranjas ocorria. Ao despertar, no momento em que o príncipe subia no cavalo, caiu de amores por ele. Desceu logo do coche e foi perguntar ao seu pai o que estava acontecendo. Ele lhe contou o ocorrido.
A cigana, vendo a jovem, lhe disse:
- Deixa-me te pentear para que fiques mais bonita para o regresso do príncipe.
A jovem consentiu, e enquanto a cigana penteava sua formosa cabeleira, sentiu que lhe cravavam um alfinete na cabeça. Imediatamente a dama da laranja se transformou numa pomba.
A cigana então tirou a roupa e se colocou no lugar onde ela estava, aguardando o príncipe. O príncipe voltou e quando viu a cigana, disse:
- Senhora! Como escureceste!
A cigana respondeu:
- É que demoraste e o sol acabou me queimando.
O príncipe, acreditando ser a mesma jovem da laranja, levou a cigana ao palácio e se casou com ela. Um dia, chegou uma pombinha ao jardim do rei e disse ao jardineiro:
- Jardineirinho do rei, como está o príncipe com sua mulher?
- Umas vezes canta, porém mais vezes chora - disse o jardineiro.
Todos os dias chegava a pombinha e fazia a mesma pergunta ao jardineiro, até que este contou a história ao príncipe. O príncipe deu ordem ao jardineiro para que prendesse a pombinha. O jardineiro untou de visgo a árvore onde diariamente pousava a pombinha e, quando esta chegou para sua visita diária, ao querer voar, ficou presa à árvore.
O jardineiro apanhou-a e levou-a ao príncipe. O príncipe se enamorou da pombinha. Colheu-a com carinho e ao acariciar-lhe a cabeça, encontrou o alfinete que ali tinha sido cravado. Ao retirá-lo, imediatamente a pombinha se transformou na bela dama da laranja.
A formosa jovem contou sua aventura ao príncipe e, entrando os dois no palácio, comunicaram o ocorrido ao rei. O rei, indignado, deu ordens para que imediatamente matassem a cigana. O príncipe e a dama da laranja se casaram e foram felizes para sempre.
FONTE: http://www.mauxhomepage.com/cantinhoinfantil/contosinfantis/amo
19 março, 2008
Mani
A mandioca é até hoje, insumo básico da comida típica da Amazônia emuitas são as lendas criadas em torno dela, vamos as mais conhecidas:
A lenda da Primeira Água, da mitologia da tribo Maué, nos diz que, a planta da mandioca teria sido formada pelo corpo de Iveroi, mulher do sapo Ó-Óc. Ao vê-la morta pelas artes mágicas dos feiticeiros Muricariua, seus tios a transformaram em mandioca doce.
A tapioca, segundo a lenda Maué, teria sido feita, ainda pelos tios de Iveroi, do feto que ela guardava nas entranhas.
Nas histórias contadas pelos mais velhos da tribo Pariqui, encontramos a lenda intitulada Moytima Uipurangaua (Origem da Plantação), que fala do nascimento de todas as plantas, principalmente da mandioca.
Elas teriam se originado dos ossos do mais belo espécime humano daquela tribo chamado Yacurutu.
Já entre os Mura, a mandioca proviria do corpo da irmã de Yacurutu, chamada Jati, que morrera revoltada contra a Tartaruga, a serviço de uma terrível Piaga, que a afogou.
Entre os Kêterêkô, povo Pareci, a mandioca surgiu do corpo da formosíssima jovem Atiôlo, em cujos longos cabelos o Uiarapuru vinha aninhar-se para passar a noite e, antes do primeiro albor da alva, acordar a natureza com a sinfonia de seu canto.
Como tudo passa sobre a terra, Atiôlo ou Mani um dia morreu e de seus restos mortais surgiu a mandioca. Já o povo Ipurinã atribuiu a uma criança o nascimento da planta.
A mais bonita de todas as lendas
O povo Ipurinã atribuiu a uma criança o nascimento da planta. Aliás, é a mais bonita delas todas. A filha do cacique Cauré, de nome Saíra, era a mais bela das Ipurinãtiba. Os pássaros vinham acordá-la ao amanhecer e as flores curvavam-se à sua passagem; os espinhos evitavam-na.
Um dia, porém, ela engravidou sem ter sido dada em casamento a nenhum guerreiro.
O desgosto de Cauré foi imenso! Chamou a filha Saíra e questionou-a sobre o pai da criança. Saíra emudeceu. A decisão de Cauré foi inexorável. Ela seria banida da tribo e viveria confinada em uma oca no centro da mata, de onde só sairia após a delivrance e da morte do fruto proibido.
Quando a lei imutável da natureza completou o seu ciclo, nasceu uma menina. Pele alva, olhos azuis como o mais profundo céu, cabelos louros como espigas de trigo sazonadas, causaram deslumbramento em Saíra e Cauré. Este último, ao ver a beleza da neta, esqueceu a vontade de matá-la e caiu de amores pela menina.
Cauré, Saíra e Mani (este foi o nome dado a menina) regressaram para a tribo e daí por diante o velho cacique ficava horas esquecidas em êxtase, contemplando a radiosa beleza de Mani.
Passaram-se quatro épocas das chuvas e Mani ficava cada vez mais esplendorosa.em sua formosura.
U’a manhã de sol radioso, mas silenciosa, Mani expirou, ante o desespero impotente de Cauré.Era costume da tribo Ipurinã cremar seus mortos. Cauré quebrou a tradição e enterrou Mani na entrada de sua oca.
Passaram-se quatro luas e da terra em que Mani foi enterrada nasceu uma planta que, depois de um certo tempo, desnudou-se das folhas.
Cauré julgava que as folhas fossem eternas e ficou triste pois a planta havia morrido. Resolvendo arrancá-la, ao fazê-lo, viu surgir, à guisa de raízes, grandes tubérculos radiculares. Curioso, resolveu morde-la e, ao mastigá-la, achou-a deliciosa.
20 janeiro, 2008
A Cabra Cabriola
O Folclore brasileiro por ser muito rico, além de possuir algumas lendas e mitos comuns em todo o país, outros são especificamente originárias de uma determinada região. As vezes muda-se a forma de contar ou o nome dado a história que se conta devido a grande missigenação e a riqueza de detalhes e encantamento que isso nos proporcionou.
A lenda da A Cabra Cabriola é típica da região Nordeste e é assim:
Era uma espécie de Cabra, meio bicho, meio monstro. Sua lenda em Pernambuco, é do fim do século XIX e início do seculo XX.
Era uma Bicho que deixava qualquer menino arrepiado só de ouvir falar. Soltava fogo e fumaça pelos olhos, nariz e boca. Atacava quem andasse pelas ruas desertas às sextas a noite. Mas, o pior era que a Cabriola entrava nas casas, pelo telhado ou porta, à procura de meninos malcriados e travessos, e cantava mais ou menos assim, quando ia chegando:
Eu sou a Cabra Cabriola
Que como meninos aos pares
Também comerei a vós
Uns carochinhos de nada...
As crianças não podiam sair de perto das mães, ao escutarem qualquer ruído estranho perto da casa. Podia ser qualquer outro bicho, ou então a Cabriola, assim era bom não arriscar. Astuta como uma Raposa e fétida como um bode, assim era ela. Em casa de menino obediente, bom para a mãe, que não mijasse na cama e não fosse traquino, a Cabra Cabriola, não passava nem perto.
Quando no silêncio da noite, alguma criança chorava, diziam que a Cabriola estava devorando algum malcriado. O melhor nessa hora, era rezar o Padre Nosso e fazer o Sinal da Cruz.
13 outubro, 2007
Matryoshka


A matryoshka é ícone nacional da Rússia, souvenir obrigatório na bagagem de todos os estrangeiros que visitam o país. Trata-se de uma bonequinha de madeira – normalmente de tília – que abre ao meio e tem dentro outra menor igual, que por sua vez contém outra que também abre com mais uma, igualmente recheada com outras cada vez menores, numa seqüência que varia de cinco, o número mais comum e tradicional, a trinta ou mais.
Abaixo, o selo postal de Guernsey, emitido em 1985, mostra a matryoshka, também conhecida por baboushka.

"Uma matryoshka não é simplesmente um brinquedo, mas uma expressão da visão de mundo e artística do artesão que a pintou."- acrescenta Shabálova
19 agosto, 2007
O BOTO
Conta a lenda que o boto, peixe encontrado nos rios da Amazônia, se transforma em um belo e elegante rapaz durante a noite, quando sai das águas à conquista das moças. Elas não resistem à sua beleza e simpatia e caem de amores por ele. O Boto também é considerado protetor das mulheres, pois quando ocorre algum naufrágio em uma embarcação em que o boto esteja por perto, ele salva a vida das mesmas empurrando-as para as margens dos rios.
As mulheres são conquistadas pelo boto às margens dos rios, quando vão tomar banho ou mesmo nas festas realizadas nas cidades próximas aos rios. Os Botos vão aos bailes e dançam alegremente com elas, que logo se envolvem com seus galanteios e não desconfiam de nada. Se apaixonam e engravidam deste rapaz. É por esta razão que ao Boto é atribuída a paternidade de todos os filhos de mães solteiras.
O Boto anda sempre de chapéu, pois dizem que de sua cabeça exala um forte cheiro de peixe. Quando chega à festa geralmente é desconhecido de todos, mas logo consegue conquistar uma moça bonita e com ela dança a noite inteira. Porém, antes que o dia amanheça, ele vai embora sem que ninguém o veja mergulhando no rio.
O Boto - "Dom Juan" das águas - é figura popular do folclore amazônico. É o mesmo golfinho da Europa e da Ásia.
Então, um tiro o prostrou e arrastando-o para a barranca do rio, confirmaram suas suspeitas, tal homem era realmente o Boto. A autoridade local não fez corpo de delito, pois matar um boto não é crime previsto em lei.
Observação:
Infelizmente isso não é lenda: Os órgãos genitais dos botos, que são caçados e mortos, costumam ser vendidos ilegalmente como ingredientes para poções e para amuletos. Com tal acontecimento, somado a destruição do ecossistema da região e à construção de barragens, a espécie está sofrendo ameaça de extinção.
Assista ao Video
Um caso de amor entre uma moça e um golfinho, história baseada em lenda do folclore brasileiro.
CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR
10 julho, 2007
Matinta-Perera
Seu nome científico é Tapera naevia e se apresenta com duas subespécies, uma das quais ocorre ao norte e leste e a outra no sul do Brasil.Tem coloração geral pardo-amarelada, com numerosas manchas escuras nas coberteiras das asas, topete avermelhado, com manchas claras e escuras, garganta, sobrancelha e abdomem brancos. Alimenta-se de insetos e costuma pôr ovos em ninhos de joão-teneném.
Para os índios Tupinambás esta ave, era a mensageira das coisas do outro mundo, e que trazia notícias dos parentes mortos. Era chamada de Matintaperera.
Para se descobrir quem é a Matinta Perera, a pessoa ao ouvir o seu grito ou assobio deve convidá-la para vir à sua casa pela manhã para tomar café.
Dizem ainda que quando a Matinta Perera sente que sua morte está próxima, ela sai vagando pelas redondezas gritando bem alto "Quem quer? Quem quer?". Quem cair na besteira de responder, mesmo brincando, "eu quero!", fica com a maldição de virar Matinta. E assim o fado passa de pessoa para pessoa.
Lenda do Folclore Brasileiro
07 maio, 2007
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Se me ponho a cismar em outras eras Em que ri e cantei, em que era querida, Parece-me que foi noutras esferas, Parece-me que foi numa outra ...
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Provavelmente oriundo da voz kimbunda kitutú (que quer dizer “papão”, conforme Cordeiro da Matta), o tutú, seja significando o espantalho de...