27 março, 2007

Anita, Solidão e Esquecimento


Paisagem - Acesso ao Monte Serrat - Santos
Paisagem de Santo Amaro
Paisagem do Rio de Janeiro com o Corcovado ao fundo

Meus versos coloridos de hoje são para Anita Malfatti.

Não vou escrever sobre as adversidades da infância ou da adolecência atribulada. Não vou lembrar das criticas absurdas de Monteiro Lobato em artigo virulento, publicado no jornal «O Estado de São Paulo», que sequer foi à exposição de Anita Malfatti. Não viu nada e não gostou do que não viu.

Nem as palavras mais afáveis, ou menos agressivas, despejadas ao final do artigo, nem os elogios ao seu talento, colocados no início, poderiam desfazer tamanho estrago sobre a personalidade tímida e irresoluta de Anita, que caiu em forte depressão, vivendo um período de desorientação total e de descrença, um sentimento que carregou pelo resto da vida.

Vou transcrever as cartas de Anita a Mario de Andrade, mesmo depois da morte deste.


«Eu moro longe de São Paulo, tomo conta do meu jardim, arranco o mato e planto as flores e as árvores, rego quando posso, arrumo a casa e pinto as festinhas do nosso povo, que dão alegria ao coração de gente simples.

«O grandioso e o majestoso, assim como a glória e o mágico sucesso me deixam calada, triste, mas as coisas fáceis de pintar, simples de se compreender, onde mora a ternura e o amor do nosso povo, isso me consola, isto me comove. (...)

«Tenho medo de ter desapontado a você. Quando se espera tanto de um amigo, este fica assustado, pois sabe que nós mesmos, nada podemos fazer e ficamos querendo, querendo ser grandes artistas e tristes de ficarmos aquém da expectativa.

«Procurei todas as técnicas e voltei à simplicidade, diretamente: não sou mais moderna nem antiga, mas escrevo e pinto o que me encanta...»

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A bailarina