30 janeiro, 2007

Nu Feminino

A escultura nasceu feminina, com a Vênus de Willendorf datada de 20.000 anos atrás. Nesta obra, a mulher é um amuleto de evocação à fertilidade. Seu corpo é roliço e amplo para dar abrigo ao nascimento dos filhos e alimentá-los com os seios fartos.

Na Grécia, o nu feminino é juvenil e dançante retratado em As Graças, cerca de 2.000 a.C. Filhas do Sol, elas alegram o coração dos homens. Aglaia - a brilhante, Eufrosina - aquela que inspira a alma e Tália - aquela que faz florescer, são reconhecidas por sua capacidade de persuadir docemente a humanidade, dotando-lhe de boas maneiras, sabedoria e encanto.

A imagem despida de Adão e Eva, define a Idade Média. O nu é sinal de embaraço, falta de pudor e desconforto. O Gênesis, neste quadro de Albert Dürer, é o momento onde o preço pago pelo prazer é a dor: dor da vergonha de Adão, dor do parto feminino. O castigo temperou a nudez com o erotismo, que fez da mulher nua um motivo de obsessão, uma forma de arte a ser aperfeiçoada...

No Renascimento, a mulher nua é Vênus, a deusa do amor. A Vênus de Urbino - 1538, de Ticiano, retrata uma divindade ainda pudica, com um olhar etéreo e colo fértil, apesar de estar cobrindo o seu sexo. Os cabelos desarranjados e o ramo de flores insinuam uma mulher sedutora, mas se repararmos bem estamos diante de uma Deusa, cujo amor pertence ao reino imortal. No segundo plano, duas mulheres serviçais, cabelos presos, vestidas, nos mostram que na vida real a condição feminina era bem diferente, aprisionada e subserviente.

Cem anos depois, a Vênus ao Espelho, 1651 de Diego Velázquez, retrata um jogo sutil entre a deusa e o espectador. De costas para nós, numa atitude aparentemente de reserva, a Deusa nos espia pelo espelho, atenciosamente voltado em direção a ela, por seu fiel Cupido. O sorriso é convidativo, sedutor e vaidoso. Aqui, ao contrário da imagem anterior, e mesmo diante da simplicidade da cena, sentimos o poder do erotismo da mulher e da pintura...

Erotismo este que irá inspirar diretamente a pintura Maja Desnuda, de Goya, realizada em 1800. Nem deusa, nem personalidade mitológica. Uma mulher viva, de carne e osso, que freqüentava a alta sociedade espanhola. Maria Cayetana - Duquesa de Alba, um dos amores do pintor. A célebre posição dos braços, que realça os seios e equilibra as formas arredondadas do corpo, expressam claramente o desejo sexual. As reações foram imediatas e o pintor teve que refazer o quadro, e vestir sua musa. Fazendo graça com a corte espanhola, vestiu-a com um tecido transparente. Mas a sexualidade feminina de Maya, mesmo vestida, atravessou os séculos e inspirou vários artistas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Anna Lee:
Gosto dos textos que escreves e de tudo o mais que escolhes, enfim, gosto imenso de cá vir e sinto que poderias voltar a editar teus poemas com mais frequencia, é o que falta para este teu novo blog ficar perfeito. Enquanto não acontece sempre volto ao outro para matar a saudades. rsrsrs

Anônimo disse...

boa da sala 1

Bem, sou uma amiga não presente, mas amiga do jeito que dá pra ser...gosto de vc, e gosto dessa tua personalidade forte, que deixa os homens encabulados e inseguros...ao mesmo tempo que surpresos...é isso....eles ainda não sabem como lidar com uma mulher inteligente.

Terezinha Soares disse...

Muito bacana teu blo.
Seguindo e aprovando!

Quando puder, dá uma passadinha no meu blog, também:
http://poetizaoamor.blogspot.com/

Abraços...

A bailarina