




O pecado aqui é a ganância, e sobre o valor variável da vida humana. Há uma conspiração, mas desta todos fazemos parte. Já ouvimos falar de como as grandes indústrias farmacêuticas fazem testes em cobaias humanas, por toda a África mal nutrida e desprotegida, mas o que fazemos para evitá-lo?
O nosso jardineiro precisa que uma morte próxima lhe abra os olhos, mas a partir daí a verdade e a justiça sao seus únicos objetivos.

Já o mérito de Fernando Meirelles parece ser mesmo a sua capacidade de saber filmar a pobreza. Como a miséria das favelas africanas é a mesma (pensando bem é infinitamente pior) do que a das favelas brasileiras.
Para não dizer que “O Jardineiro Fiel” é perfeito, duas observações devem ser feitas. A primeira foi repetida por alguns críticos dos EUA: dizem que falta envolvimento emocional na história.
De certa forma é verdade, embora isso seja facilmente explicado pela condição de narrador que é assumida por Justin – e uma história contada por um homem introspectivo dificilmente seria emocionalmente envolvente. Outro ponto discutível é o final. Sim, a jornada põe Justin diante de uma perspectiva de vida muito diferente, mas é discutível se essa mudança seria capaz de provocar uma ação tão radical de um homem ponderado como diplomata. Nada disso conspurca a excelência da obra. Por fim, é imperativo louvar a excelente montagem não-linear do longa-metragem. Via de regra, é possível dizer que existem três tipos de diretores: (1) os que concebem o filme antes das filmagens, durante a construção do roteiro e dos storyboards, como Alfred Hitchcock; (2) aqueles que delineiam o filme durante as filmagens, mudando a trama conforme as performances dos atores, a exemplo de Wong Kar-Wai; e (3) os diretores que saem das filmagens apenas com uma idéia do filme e o modificam constantemente durante a montagem, até chegar a um formato final, caso de George Lucas. Fernando Meirelles é um entusiasta do terceiro time – e, se continuar a fazer filmes como “O Jardineiro Fiel”, logo se tornará referência fundamental para quem defende que a edição tem papel fundamental numa narrativa imagética.
Ficha TécnicaTítulo Original: The Constant Gardener
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 129 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2005
Site Oficial: www.theconstantgardener.com
Estúdio: Focus Features / Scion Films Limited / Potboiler Productions Ltd.
Distribuição: Focus Features / UIP
Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Jeffrey Caine, baseado em roteiro de John Le Carré
Produção: Simon Channing-Williams
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: César Charlone
Desenho de Produção: Mark Tildesley
Direção de Arte: Chris Lowe, Christian Schaefer e Denis Schnegg
Figurino: Odile Dicks-Mireaux
Edição: Claire Simpson
Elenco
Ralph Fiennes (Justin Quayle)
Rachel Weisz (Tessa)
Daniele Harford (Miriam)
Danny Huston (Sandy)
Hubert Koundé (Arnold Bluhm)
Richard McCabe (Ham)
Gerard McSorley (Sir Kenneth Curtiss)
Pete Postlethwaite (Marcus Lorbeer)
Anneke Kim Sarnau (Birgit)
Jason Thornton (Thomas)
John Keogh (Oficial da imigração)
Bill Nighy