19 setembro, 2007

Semana 15 Setembro 2007

  • Restos de vergonha, ou apenas mais um lixo básico enviado para debaixo do tapete:
Democracia de baixa qualidade
A absolvição de Renan Calheiros por seus pares na sessão secreta do Senado é o resultado de ao menos quatro fatores fundamentais, relacionados entre si.
1º A conivência de outros parlamentares com os atos praticados por Calheiros, 2º O voto secreto dos representantes eleitos do povo num assunto de interesse público e no qual atuam como representantes populares, e não em caráter individual... permite aos legisladores agir de acordo com suas conveniências pessoais, sem ter de prestar contas àqueles que os elegeram e dos quais são mandatários. 3 A força de Calheiros dentro de seu partido, o PMDB, que acabou por hipotecar-lhe apoio de forma majoritária. Já para as instituições brasileiras, o episódio é muito danoso. O grande descrédito em que se achava mergulhado o Congresso após a absolvição dos envolvidos com o "Mensalão" apenas aumenta com essa nova decisão dos senadores, tomada à revelia das expectativas manifestas da população em geral e da opinião pública, em particular. Embora isto não signifique que há risco de sobrevivência para a democracia, pode-se dizer que ela opera em nosso país com um nível de qualidade bastante baixo.
Cláudio Gonçalves Couto

A triste história dos senadores invisíveis
absolvição de Renan é uma ópera, em que os atores foram escondidos pelo voto secreto.A coisa mais grave no episódio renan Calheiros não é sua absolvição, mas a maneira como ocorreu o processo.
A decisão foi tomada numa sessão fechada, por meio de voto secreto. Os senadores, mesmo aqueles que votaram pela cassação, por um instante tornaram-se invisíveis para a sociedade que os elegeu. Ninguém sabe como cada senador efetivamente votou. Essa invisibilidade feriu dois princípios básicos da democracia.

O primeiro é que os representantes devem decidir os destinos da coletividade de forma pública.
Além disso, como o povo é o verdadeiro soberano no regime democrático, os políticos precisam prestar contas ao eleitorado que os escolheu. Na “calada da tarde”, como disse um jornal, os rumos do Brasil foram definidos num cenário de trevas, bem longe dos ideais democráticos. Tal dia poderá ser conhecido no futuro como a triste história dos senadores invisíveis. Como uma ópera, a invisibilidade dessa história pode ser contada em três atos.

No início, procurou-se postergar e evitar a apuração de todas as maneiras. O senador Renan Calheiros parou o Senado por 120 dias. E as denúncias não paravam de chover sobre a cabeça do presidente da casa, que respondia a elas de uma forma num dia, para ser pego de surpresa
na manhã seguinte, com a revelação de novos fatos.

O primeiro ato da ópera terminou quando o Conselho de Ética aprovou a peça acusatória contra Renan Calheiros, levando o caso ao plenário, que decidiria pela absolvição ou cassação do mandato. É preciso ressaltar o avanço democrático representado por esse passo. Nunca uma investigação de um presidente do Senado tinha sido tão profunda – e não há dúvida de que o cargo já fora ocupado por políticos com problemas éticos iguais, ou até piores, que os enfrentados por Renan. A democracia brasileira coloca hoje muito mais holofotes sobre os políticos.

O segundo ato, contudo, veio para mostrar os limites de nossa democracia. A transparência e a obrigação de prestar contas aos representados se tornaram inviáveis no momento mais invisível de toda a história: o processo de votação. Por ser secreto, ele só poderia ser acompanhado pelos próprios senadores. Na hora da eleição, os políticos procuram obstinadamente a população, lutando para não ficar invisíveis.

No momento em que definiram o destino de um de seus pares, os senadores
se esconderam como se estivessem numa caverna escura, bem distante dos cidadãos. Além da sessão, o voto também foi secreto. Se ninguém sabe quem votou no que, mais difícil ainda é saber quais foram os motivos que levaram à decisão final. O medo pode ter sido um dos principais personagens daquela fatídica tarde. Corre o boato de que o senador Renan Calheiros fez chantagens contra vários colegas.

A estratégia intimidatória do presidente da casa dizia: “Há mais ‘Renans’ aqui do que eu. Vocês querem que eu revele este segredo?”. Tais histórias não serão conhecidas pelo grande público, protegidas pela invisibilidade do processo.


O grand finale do segundo ato foi a absolvição de Renan Calheiros. A maioria dos senadores não sabia explicar o que houve. É bem provável que o desfecho só tenha sido possível graças ao seguinte – e secreto – acordo com o governo: o mandato do presidente do Senado seria mantido, mas ele entraria em licença caso sua presença atrapalhasse a votação da CPMF.
O terceiro ato mal começou. Seu enredo tem a ver com as conseqüências da decisão. Nunca conheceremos o voto de cada senador. Mas esses políticos terão de passar por novas eleições.

E aí será a hora de elegermos apenas aqueles que se comprometerem a lutar contra qualquer tipo de votação secreta no Legislativo. Se perdermos a chance, só ficará na memória o dia em que aconteceu a triste história dos senadores invisíveis.

Fernando Abrucio

Me engana que eles gostam
Você que está lendo essa nota provavelmente saiu de casa na quarta-feira, 12, razoavelmente seguro de que seria o último dia de Renan Calheiros na presidência do Senado. Era o que previam os jornais, com base nas declarações de voto da maioria absoluta dos senadores. Mesmo os cálculos mais cautelosos vinham acompanhados pela expectativa de um movimento de última hora no rumo cassação. Pois sim... Enquanto fazíamos apostas, os políticos faziam contas.
Ricardo Amaral

  • Falando de amenidades, enquanto o lixo corria no congresso a moçada só tinha olhos para o "acontecimento do ano":
Daniella e Wolff dizem sim na Marina da Glória, no Rio: noivo judeu e noiva católica, não houve cerimônia religiosa, só civi

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A NOIVA A modelo Daniella Sarahyba já media 1,70 metro quando foi descoberta, aos 11 anos, pelo então booker Sérgio Mattos. Aos 13, fez seu primeiro trabalho fora do Brasil, em Munique, na Alemanha. Hoje, é garota-propaganda da C&A (há um ano, substituiu Gisele Bündchen), da Cia. Marítima, da Datelli, da Gap, da Lacoste e da Victoria's Secret. Já desfilou para Carolina Herrera, Guess e Ralph Lauren.

O NOIVO
Wolff Klabin é o primogênito de Rosa e Armando Klabin. Seu pai é presidente do conselho deliberativo da Klabin Papel e Celulose, uma das maiores empresas do país, que, no primeiro semestre deste ano, teve receita acumulada de 1,4 bilhão de reais e lucro líquido de 372 milhões de reais. Wolff trabalha em um fundo de investimentos. Embora não atue na empresa da família, é suplente do pai na presidência do conselho.

  • Tribos do país podem perder línguas, avisa relatório
Nas tribos indígenas do Brasil estão algumas das línguas nativas mais ameaçadas de extinção no planeta. De acordo com um relatório divulgado hoje, pela National Geographic Society e pelo instituto Living Tongues, os idiomas nativos de muitos índios brasileiros são substituídos pelo português, pelo espanhol e pelas línguas nativas mais fortes.

As tribos que têm os idiomas mais ameaçados estão concentradas perto da fronteira do Brasil com a Bolívia e o Paraguai. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, há menos de 20 índios capazes de falar o idioma ofayé. Menos de 50 conseguem falar o guató. Conforme os pesquisadores da National Geographic e da Living Tongues, a área é de "alto risco" para línguas ameaçadas de extinção.

Outra área, próxima ao rio Guaporé, em Rondônia, também tem idiomas ameaçados, como o wayoró, falado por apenas 80 pessoas. Os pesquisadores dizem que a área é "uma das mais críticas" para as línguas nativas, já sofre a influência do português da Amazônia brasileira, do espanhol falado na Bolívia e dos idiomas quécua e aymara, da região andina boliviana.

Cultura - O alerta sobre as línguas nativas brasileiras é parte de um projeto que documentou todos os idiomas ameaçados do planeta. Metade das cerca de 7.000 línguas faladas hoje no mundo deve desaparecer ainda neste século. A cada 14 dias, em média, um idioma morre no mundo. "Com a extinção de uma língua, uma cultura toda se perde", diz o documento divulgado nesta quarta.



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