02 novembro, 2008

2 Livros Que Li



Porta do Sol de Elias Khoury se passa em um campo de refugiados nas cercanias de Beirute, onde o velho Yunis repousa em coma profundo. Há três longos meses, o herói da resistência palestina jaz inerte sobre o leito do improvisado hospital Galiléia. Morto ou vivo? Alheio ou consciente? São essas as perguntas feitas por Khalil Ayyub, enfermeiro e voz única nesse 'diálogo'. Negando-se a aceitar o fato de que seu herói talvez nunca mais volte à consciência, o jovem seguidor se mantém em vigília constante, repassando a extraordinária história de vida de Yunis, que nada mais é que a saga do povo palestino.


Reconstruindo os significados de 'corpo' e 'alma', Nilton Bonder contrapõe o conceito de alma imoral do texto bíblico ao animal moral da psicologia evolucionista. O corpo que preserva e a alma que trai são responsáveis pelo mais importante processo da vida - a reprodução. A intenção do autor é transportar o leitor para um campo de batalha milenar onde o traído troca de lugar com o traidor, o santo com o marginal, o corpo com a alma.

Não basta ler uma vez, precisamos reler com um lápis à mão e fazer os nossos questionamentos em todos os espaços possíveis e depois de algum tempo voltar aos mesmos e repensar o deixamos de questionar.

Preciso tempo, os livros se acumulam na cabeceira e alguns estão exigindo muito mais do que aquilo que venho tentando absorver.

Obs: Kafka à Beira Mar (indicação de um amigo) já repousa entre eles.
E Keith Jarrett - The Köln Concert (Part 1), devidamente apreciado enquanto você dormia.

Nenhum comentário:

A bailarina