17 junho, 2008

Romeu e Julieta de Sarajevo.


Sarajevo, Maio de 1993. Bosko Brkic e Admira Ismic conheceram-se na escola quando ambos tinham 16 anos. Ele era sérvio, ela muçulmana, quando é o amor que dita as regras, a única regra que existe é precisamente a inexistência de quaisquer regras.
Este não era contudo o seu tempo, ao contrário era o tempo da guerra. A pior de todasas guerras, a guerra civil, a mãe que lança indiscriminada e inadivertidamente sobre seus filhos suas unhas e dentes rasgando, sugando o sangue, amputando a civilidade e ceifando a vida de seus filhos.

No caminhos: ódio e morte...
Quando os sérvios começaram a fugir da cidade, Bosko recusou-se a partir. E quando a situação se tornou insustentável planejaram a fuga. Chegaram a um acordo com os contatos sérvios e muçulmanos. Asseguraram-lhes que poderiam partir de Sarajevo em segurança.

A ponte de Vrbanja separava o território muçulmano do território sérvio, daí seguiriam para Grbavica cidade controlada pelos sérvios em direção a Belgrado onde esperavam recomeçar uma nova vida.

Haviam atiradores por toda parte, instalados nos prédios vizinhos à ponte, de um lado e do outro da barricada. As travessias eram arriscadas e feitas sobretudo à noite, Bosko e Admira, estavam confiantes nas promessas de uma passagem segura, e dirigiram-se à ponte em plena luz do dia. Bosko foi o primeiro a ser atingido e morreu na hora, Admira apesar de ferida ainda conseguiu se arrastar até ao corpo do seu amor e abraçá-lo, antes de ser novamente atingida.

Os seus corpos ficaram prostrados naquele descampado durante oito dias, até que as tropas sérvias os retiraram do local e os enterraram em Lukavica, na época uma base militar. A foto com os corpos dos amantes percorreu mundo, e a imprensa referiu-se ao casal como Romeu e Julieta de Sarajevo.

Em 1996 após o fim da guerra o pai de Admira, conseguiu que transferissem os corpos dos amantes para o cemitério de Lion em Sarajevo, a terra onde se conheceram e se apaixonaram.

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