15 agosto, 2007

Pedro Abrunhosa

Não preciso dizer o quanto gosto deste "cantautor". Gosto da voz, apesar de dizerem que não canta nada, é a forma como fala sua música que me cativa. Não gosto de tudo que compõe, estaria mentindo, gosto das letras que são compostas para corromper e rasgar a alma.

Gosto das letras que me dizem: era exatamente isso que eu queria dizer e as melodias soltam aquele nó que andava preso na garganta e enxáguam olhos e coração.

Gosto da cor do som de Pedro Abrunhosa, o careca da voz que arrepia e versos que matam.

Seguem amostras do porquê desse gostar, aproveitem...

PONTES ENTRE NÓS

(Pedro Abrunhosa | Pedro Abrunhosa)

Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.
Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura que a manhã ainda te traz.
Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo que bata em nós um coração.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Ilumina-me


Quem me leva os meus fantasmas


5 comentários:

Anônimo disse...

Mas o Pedro A. também disse:

Tu és todas as noites
Em todos os quartos,
Todos os ventos
Em todos os barcos.
Todos os dias
Em toda a cidade,
Ruas que choram
Mulheres de verdade.
Tu és só o começo
De todos os fins,
Por isso eu te peço
Fica perto de mim.
Tu és todos os sons
De todo o silêncio,
Por isso eu te espero
Te quero e te penso.

Vera Lucia (a mão que afaga o gato) disse...

E antes de dizer isso, ele disse:
........
Tu és todos os livros,
Todos os mares,
Todos os rios,
Todos os lugares.
Todos os dias,
Todo o pensamento,
Todas as horas,
O teu corpo no vento.
Tu és todos os sábados,
Todas as manhãs,
Toda a palavra
Ancorada nas mãos.
Tu és todos os lábios,
Todas as certezas,
Todos os beijos
Desejos, princesa.

Como uma ilha,
Sozinha...

Prende-me em ti,
Agarra-me ao chão,
Como barcos em terra
Como fogo na mão,
Como vou esquecer-te,
Como vou eu perder-te,
Se me prendes em ti,
Agarra-me ao chão,
Como barcos em terra,
Como fogo na mão,
Como vou eu lembrar-te
Se a metade que parte
É a metade que tens.

Anônimo disse...

...e perdes-te em "todos os livros" e encontras-te em "todos os contrastes"

Anônimo disse...

..uma Natália Correia que se te cola à pele:

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Vera Lucia (a mão que afaga o gato) disse...

Natália Correia disse e está dito; a poesia é para comer.
Vamos comer letra por letra até nos empanturrarmos de poesia...Chuás

A bailarina