Visão fantasiosa da vida dos autores da maior parte dos contos infantis que não podem ser atribuídos a Hans Cristian Andersen e a cujo baú a Disney foi buscar a sua inspiração para os maiores filmes de animação dos seus primeiros anos de criação.
Como se trata de um filme de Terry Gilliam, o animador (gráfico) de serviço dos Monty Python, ícones inultrapassáveis do humor britânico das décadas de 70 e 80, mais importante do que a história está a concepção visual e a abordagem mais fantasiosa possível ao material em mãos.
Lá se foram para o caldeirão todos os contos possíveis e imaginários dos Grimm (várias belas adormecidas, uma chapeuzinho vermelho, um lobo mau, uma floresta encantada, uma dúzia de sapatinhos de cristal, uma bruxa com uma maçã, uma rainha apaixonada pelo seu reflexo no espelho e com cabelos compridos como os de Rapunzel no topo de uma torre).
O resultado é um emaranhado das histórias que já conhecemos , como se fossem vividas pelos próprios irmãos Grimm, apresentados como trapaceiros que vivem às custas das crenças alheias, reconstituindo-as para depois extorquirem somas para a salvação das populações.
Os Grimm têm como missão desvendar o desaparecimento de várias donzelas, então, abordam a missão como uma de desmistificação, mas acabam envolvidos na maior aventura das suas vidas.
No cômputo, Gilliam pretende oferecer uma vez mais a eterna batalha entre o real e a fantasia, as teias que se tecem entre ambas, e a ameaça que constitui a censura da razão contra a fantasia. Mas estamos muito longe de “As Aventuras do Barão Munchausen”.
Matt Damon e Heath Ledger fazem o que podem com a confusão dos seus papeis e Peter Stormare está como peixe na água, sempre mais à vontade como idiota desmiolado (“Fargo” e “Armageddon”), do que noutros registos (péssimo Satanás em “Constantine”). Monica Bellucci está igual a si própria, habituada que está, a ser considerada a mulher mais bela do mundo em todos os filmes em que entra. Até este, ao menos!
Gostei? Sei lá, acabei dormindo...
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