25 julho, 2010

Ponto Fraco

Nada de risos, risinhos ou piadinhas sem graça, quem leu ou ainda lê o que planto neste quintal, deve se lembrar da infância e o que era ser criança, portanto, que apague esse risinho debochado.

Duvido que não sintam saudades daquele tempo, mesmo que nem tudo tenha sido diversão alguma coisa de quero mais ficou.

Fui criada solta, livre e arteira. Raras as vezes que não voltava pra casa cheia de hematomas, roupa rasgada, despenteada e sujinha.

- Sofria!

Depois do banho, minha mãe enfiava o pente nos cabelos que vinham pela cintura sem dó nem piedade para desfazer os nós e sempre praguejando e pedindo a Deus se um dia eu seria uma menina comportada. Ai de mim se derramasse uma única lagrima, tava lascada...

Lembro como se fosse hoje uma tortura e um ódio sem fim daquelas madeixas que pagaram seu preço mas isso é uma outra história. Enfim, nada que uma boa noite de sono não fizesse esquecer e quando amanhecia lá ia eu jogar bola, andar de bicicleta, pular corda, jogar pião e bola de gude,empinar as pipas que eu fazia e às vezes até vendia, arrumar briga com a “turma da rua de cima”, fazer guerra de mamona, procurar tesouros nos terrenos baldios, leia-se lixo que minha mãe num puxão de orelhas fazia jogar tudo fora e ainda levava um rosário de broncas.

Pescar "girinos” que levava em latas para casa só para, inconformada, vê-los fazendo a viagem de volta descarga abaixo, e mais uma série de “sermões”, gritos, broncas e tudo que uma menina levada tem direito.

- Brincar de bonecas? Eu? Xiiiiiii, a única brincadeira que me lembro era a de pintar-lhes a cara com caneta e levar umas boas chineladas por estragá-las.

Mas o amor e o gosto pelas brincadeiras de meninas comportadas vieram na adolescência e seguiu pela vida. Antes de a Fê nascer ela já tinha uma séria coleção de bonecas que herdou da mãe e claro, acabou por destruí-las. A diferença é que logo cedo ela pegou gosto pela coisa e como eu a enchia de bonecas, que eu mesma escolhia é claro, acabávamos por brincar juntas e as destruições em massa acabaram.

A minha desculpa, quando ela mantinha as bonecas expostas pelo quarto era, a cada 3 meses, fazer uma faxina: dar banho, lavar e passar as roupas, pentear os cabelos, enchê-los de bobis e grampos, fazer penteados e vesti-las.

A filha cresceu e empacotou as bonecas, mas a mãe uma vez por ano faz o mesmo ritual que já dura 22 anos, com a desculpa de que elas devem ser conservadas para os netos.

De comum acordo sempre doamos os brinquedos, algumas bonecas e acessórios, com aperto no coração, mas alegre por ter visto alguns rostinhos se iluminarem diante daquelas maravilhas.

O fato é, eu adoro boneca, se for uma barbie então, fico maluca...

Coisa de menina, acho...Sei lá!

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A bailarina