21 junho, 2009

3 Grandes Conflitos

Cidadão de Kosovo em sua casa destruída

1 - Kosovo

No fim dos anos 90, os sérvios tentaram suprimir a campanha de independência da província de Kosovo, cuja população tinha maioria de descendentes de albaneses. Embora Kosovo tivesse apenas cerca de 10% de sérvios, estes consideravam a região como berço de sua cultura. Em 1998, a polícia e o Exército sérvios reprimiram protestos dos albaneses. A comunidade internacional pressionou as duas partes a aceitar um plano de paz, com autonomia para Kosovo. Os sérvios recusaram. Forças sérvias, sentindo a pressão, iniciaram uma campanha de “limpeza étnica”. A idéia era expulsar os descendentes de albaneses da região. Pelo menos 2 mil pessoas foram mortas e centenas de milhares fugiram para Albânia, Macedônia e Montenegro. A exemplo da coalizão que haviam montado para expulsar tropas iraquianas do Kuwait, em 1991, os Estados Unidos lideraram uma força internacional que bombardeou a Sérvia até obter a retirada de suas forças de Kosovo. A ONU assumiu o controle. Metade dos 100 mil sérvios da região fugiu. Neste ano, Kosovo declarou sua independência – que os sérvios não aceitam.



Soldados inspecionam um prisioneiro afegão. A invasão do país foi a primeira reação ao 11 de setembro

2 - Afeganistão

Desde janeiro de 2001, os Estados Unidos e o Reino Unido pressionavam o regime Taleban do Afeganistão a entregar o arquiterrorista Osama Bin Laden. Sem sucesso. Quando os suicidas da Al Qaeda atacaram as torres gêmeas e o Pentágono, em setembro, os americanos partiram para a ação. Tiveram o beneplácito do mundo todo, mas tropas mesmo praticamente só dos EUA e do Reino Unido. O ataque americano lançado em outubro de 2001 demorou dois meses para derrotar o regime fundamentalista dos talebans. Era o início da Guerra ao Terror: os EUA, atacados, lançavam todo o seu poderio em defesa de seus próprios interesses, estivessem ou não ligados aos dos blocos tradicionais de aliança. A guerra no Afeganistão também serviu para lançar a doutrina militar do então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld: os EUA deveriam ser capazes de vencer guerras por meio do poderio aéreo, da superioridade tecnológica e do apoio de tropas especiais contra insurreições locais. No Afeganistão, funcionou como se fosse um exercício baseado num manual. No Iraque, não.



Iraquiano com o filho, de 4 anos, num campo de prisioneiros. A ocupação arranhou a reputação dos EUA

3 - Iraque

A Guerra do Iraque é o grande símbolo da década. Iniciada em 2003, produziu em menos de três meses o resultado militar estabelecido: derrubar o regime de Saddam Hussein. Ao custo de milhares de mortos civis no Iraque e de mais de 5 mil soldados americanos. O que veio antes e o que se seguiu a isso, no entanto, são as marcas principais de nosso tempo. A insistência dos EUA em resolver militarmente o problema de Saddam Hussein, acusado pela ONU de tentar fabricar armas de destruição em massa, provocou uma forte divisão no mundo. Os Estados Unidos e o Reino Unido se opuseram a França, Alemanha e Rússia, entre as potências. As dificuldades dos americanos em administrar a guerra pareceram dar razão aos críticos da solução militar e isolaram os EUA. Os escândalos de tortura nas prisões do Iraque e na base americana em Guantánamo só pioraram a reputação americana.


Um olhar sobre 2 decádas

Marcelo Musa Cavallari



Fotos: Jean-Marc Bouju/AP, Cecilio M. Ricardo Jr./AFP e Newscon

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