17 fevereiro, 2007

Outros Quintais - Protesto

Direitos Desumanos

Foto de Guilherme Pinto

Música da Semana:
Pedaço de Mim

(Chico Buarque)


Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus


Me perdoem os que lutam pelos direitos humanos. Ou não me perdoem. Porque eu não sou humana e não tenho direito nenhum. Afinal, eu não mato, eu não roubo, eu não trafico drogas. Não sou uma árvore ameaçada de ser cortada nem sou um bichinho sendo mal tratado. Se eu fosse assim, haveria um monte de gente se levantando em minha defesa.

Não, não sou nada disso. Sou só uma cidadã. Cumpro com os meus deveres e obrigações, pago impostos, faço alguma caridade, moro atrás de grades e monitorada por alarme em todas as minhas entradas e saídas em minha própria casa. Vivo assustada, olhando em volta e me perguntando quando vai chegar a minha vez. É. Não pergunto “se”. Pergunto “quando”.

Durante as minhas férias, o Rio de Janeiro (como São Paulo no ano passado) sofreu ataques terroristas. Meus dedos coçaram para escrever. E pensei: deixa estar. Oportunidades não irão faltar. E não demorou muito. Aliás, só demorou um mês e meio e estamos todos atônitos e assustados e com medo.

No dia 8 de fevereiro, uma mãe – como eu e você – estava com seus filhos no carro. Uma menina de 13 anos e um menino de 6. Como boa mãe e boa cidadã, cumpria as regras do trânsito e levava seu filho pequeno no banco de trás, preso ao cinto de segurança. Afirmo que, ao prender seu menino com o cinto de segurança, ela pensava em mantê-lo vivo. São e salvo. Não foi o que aconteceu. Pobre mãe...

“Humanos” roubaram seu carro. Tão humanos que não permitiram (é, eles têm este poder!) que a mãe tirasse a criança do carro. A criança ficou presa pelo cinto de segurança. Do lado de fora do carro. E foi arrastada por 7 quilômetros, percorrendo 4 bairros. E sim. Eles sabiam que a criança estava sendo arrastada por eles. Testemunhas viram o carro em ziguezague. Eles foram avisados e ignoraram solenemente o fato de que arrastavam uma criança.

O Rio de Janeiro está atônito. A polícia está dando o seu melhor para capturar os “humanos”. Só que a lei não ajuda. Um dos suspeitos, menor de idade, se condenado vai passar só três anos na cadeia, protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Três anos por ter arrastado viva uma criança de 6 anos (que o Estatuto não protegeu) por 7 quilômetros. Como disse uma mãe na televisão, daqui a três anos, ele estará livre e a vítima pode ser o filho dela. Ou o seu. Ou o meu. Ou você acha que este “humano” regenerar enquanto estiver preso? Acha mesmo?

Alguém sugeriu que a maioridade penal deveria ser reduzida. Eu concordei. Afinal, se soube matar como um adulto, deveria ser punido como adulto, né? Devo ter um parafuso a menos por pensar assim porque logo pululou gente (CNBB, Ministro da Justiça, Presidenta do Superior Tribunal Federal, entre outros) dizendo que não!!!!! Que isso não vai adiantar nada para diminuir a violência. Então, me diga: o que vai? Eu não sei. É uma questão de caráter. É uma questão de não achar que se consegue tudo na base da força, da violência. Que se pode tirar de quem tem porque é mais fácil do que conseguir por seu próprio esforço e mérito.

E por que todos só falam no menor? Porque, dentro de nós que temos um coração batendo dentro peito, ainda temos a esperança de que os maiores sejam julgados e condenados com verdadeira justiça. Que estes também não sejam beneficiados pela “lei” que condena a 30 anos, mas que permite que a liberdade chegue em 5, como, aliás, já aconteceu com o suspeito de ser o líder da quadrilha. Ele, ladrão condenado, já cumpria a pena em regime aberto. E mesmo assim fugiu. E desta vez não foi “só” um roubo – é, já chegamos ao ponto de achar que é “só” um roubo. Desta vez, ele foi adiante e matou. Porque não foi devidamente punido.

E tem mais: tenho pena do pai que, tão horrorizado quanto eu e você, denunciou o próprio filho. Este pai que (aposto o que você quiser) sente-se impotente, fracassado por não ter conseguido ensinar ao seu filho valores e princípios básicos para se conviver numa sociedade. Não conseguiu ser o exemplo a ser seguido. Pobre pai...

Quer saber? Podem me criticar à vontade: eu sou a favor da pena de morte. Principalmente, em casos de crimes hediondos. Queria ver se não diminuiria um bocado a violência se pegassem estes infelizes e os arrastassem pelas ruas de 4 bairros por 7 quilômetros. Mas, eles têm direitos, né? Não é assim que a justiça funciona... Violência com eles? Coitados... São apenas vítimas... Imagina cometer uma loucura destas!!!! Como se não fosse loucura o que eles fizeram...

E eu fico aqui à mercê. Sem ter ninguém que me defenda, que me proteja dos meus agressores, daqueles que me aterrorizam e me condenam à morte. Porque eu não sou um ser humano e não tenho direitos. E você? Tem?

Extraído de: http://amentedamulher.blogspot.com/

Um comentário:

Anônimo disse...

Afinal, quem precisa de proteção? Será que gente dessa laia precisa de ajuda dos Direitos Humanos? Essa corja está mais segura que o povo nas ruas!

Quem tiver com pena de bandido, que leve pra casa.

Abraços.

Ps: Mudei de casa, ok?

http://donodobar.wordpress.com/

A bailarina